No ano de 2003, foi duro para o ator e diretor australiano Mel Gibson conseguir uma distribuidora para seu filme recém produzido "A Paixão de Cristo". O projeto ficou meses na gaveta e o próprio Gibson teve que desembolsar uma vultuosa quantia para viabilizar o longa. Todavia, o filme com orçamento de 25 milhões de dólares ( limitado, para os padrões de Hollywood) arrecadou aproximadamente 611 milhões de dólares, cerca de 2400% sobre o valor investido, um fenômeno que tem sua explicação na própria identidade adotada pelo filme. "A Paixão de Cristo" veio destinado a gerar polêmica. De um lado, acusavam Gibson de anti-semitismo, devido a suas declarações e devido as características dadas aos judeus no filme. Do outro, cristãos pediam que as pessoas não vissem o filme, pois haviam cenas fortes e brutais com a figura central do Cristianismo. Isso acabou gerando um efeito reverso. Quanto mais as pessoas ouviam dizer para não assistir o filme, mais elas desenvolviam a curiosidade em saber o que havia de tão chocante na produção. Desconsiderando tudo que diz respeito a questão ideológica de Gibson e a fé das pessoas, vamos falar de marketing. Terá sido a psicologia reversa a causadora de tamanha bilheteria? Mas por que isso não funciona com outros produtos? Se uma legião de pessoas grita: "Não coma esse biscoito" , você comeria? O fato é que aparentemente as pessoas tendem a buscar novas experiências e inclusão social. Para quem não sabia o que há no filme, se aquela experiência incomodou tanta gente, então ela provoca alguma sensação, ainda que seja nova. Além do mais, assistir ao filme faria o público ter um conhecimento que as pessoas que não o assistiram não tem, "enriquecendo" seu valor social frente aos "desinformados" que não conheciam o conteúdo da produção. Além de tudo, essa experiência é controlada. A qualquer momento pode-se sair do cinema. Não se sabe se a produção do filme planejou essa repercussão ou se foi algo casual. O que se sabe é que, em termos de marketing, o filme foi muito bem sucedido, o que indica que algumas vezes, uma ajuda da psicologia e da opinião pública pode ser a solução de todos os problemas.
Sem comentários:
Enviar um comentário