Ninguém gosta de andar à procura de emprego, mas o certo é que temos que fazê-lo daqui a uns escassos meses. Pesquisar os sites de ofertas, tornar o currículo mais atrativo, preparar-se para entrevistas rigorosas — nada disto é divertido, já sabemos com a UC de Direcção Comercial. Porém, a parte mais exigente do processo, não é o Curriculum Vitae mas talvez escrever uma carta de apresentação eficaz. Há tantos conselhos contraditórios numa breve pesquisa, que é difícil saber por onde começar.
O que dizem os especialistas:
Os especialistas dizem que a carta de apresentação é necessária. “Não a enviar é sinal de preguiça. Equivale a cometer erros de ortografia e de gramática no currículo. É algo que não se faz”, diz Jodi Glickman, especialista em comunicação e autora de “Great on the Job”. John Lees, um estratega de carreiras do Reino Unido e autor de “Knockout CV”, concorda e explica que, mesmo que apenas metade das cartas de apresentação sejam lidas, ainda restam 50% de possibilidades de que o facto de incluir uma o ajude. “É uma oportunidade para se distinguir”, acrescenta Glickman. Mas, como toda a gente que já escreveu uma carta de apresentação sabe, não é fácil escrevê-la bem. Veja como dar aos recrutadores aquilo que eles querem.
1. Faça uma pesquisa inicial
Antes de começar a escrever, descubra mais acerca da empresa e do trabalho específico que pretende. Analise o site da empresa, o Twitter dos seus executivos e o perfil dos empregados no LinkedIn. “Faça alguma pesquisa além da leitura da descrição do posto de trabalho”, aconselha Lees. Descubra quais são os desafios que a empresa enfrenta e como a sua função ajudaria a lidar com eles. Conhecer melhor a empresa ajuda-o a escolher o tom correto a usar na sua carta de apresentação. “Pense na cultura da organização à qual se candidata”, é o conselho de Glickman. “Se for uma agência criativa, como uma oficina de design, pode arriscar mais, mas se for uma organização conservadora, como um banco, é preferível ser mais contido.”“As pessoas, normalmente, começam por escrever ‘Estou a candidatar-me ao emprego X, que vi no lugar Y.’ É um desperdício de texto”, avisa Lees. Em vez disso, inicie a carta com uma frase forte. “Comece com a frase-chave — por que razão este emprego o entusiasma e você é a pessoa certa para ele”, diz Glickman. Por exemplo, pode escrever, “Sou um profissional de angariação de fundos na área ambiental, com mais de 15 anos de experiência, e adoraria contribuir com os meus conhecimentos e entusiasmo para a vossa equipa em constante desenvolvimento”. Provavelmente o recrutador está a ler uma pilha de cartas, por isso tem de lhe chamar a atenção. Mas não tente ser engraçadinho. “O humor normalmente não resulta, ou parece egocêntrico”, diz Lees. Abstenha-se também dos lugares-comuns. “Diga algo direto e dinâmico, como ‘Antes de continuar a ler, permita-me chamar-lhe a atenção para duas razões pelas quais poderá querer contratar-me...’
Os recrutadores procuram pessoas que possam ajudá-los a resolver problemas. Com base na pesquisa que fez anteriormente, mostre que sabe o que a empresa faz e que conhece alguns dos desafios que enfrenta. Estes não têm de ser específicos, mas pode mencionar uma tendência que afete o setor. Pode escrever, por exemplo, “Muitas empresas de prestação de cuidados de saúde estão a debater-se para perceber como a alteração das leis irá afetar a sua capacidade de fornecer cuidados de saúde de elevada qualidade”. Em seguida, indique como a sua experiência o equipou para responder a essas necessidades, talvez explicando como resolveu um problema semelhante no passado, ou partilhando uma das suas concretizações relevantes.
Deixe claro por que razões pretende o trabalho. “Na economia atual, muitas pessoas têm as capacidades certas, pelo que os empregadores querem alguém que deseje, efectivamente, o trabalho”, diz Glickman. “O entusiasmo transmite personalidade”, acrescenta Lees, que sugere que se escreva algo como “Gostaria muito de trabalhar para a vossa empresa. Quem não gostaria? Vocês são os líderes do setor, estabelecendo os padrões que os outros se limitam a seguir”. Não se dê ao trabalho de enviar uma candidatura se não estiver entusiasmado acerca de algum aspeto da empresa ou da função. “Enviar 100 currículos é uma perda de tempo. Descubra 10 empresas para as quais gostava de trabalhar e dedique-se a essas, de alma e coração”, sugere Glickman. Ao mesmo tempo, não exagere nas lisonjas nem diga nada que não seja sincero. A autenticidade é fundamental. “Não quer certamente parecer um adolescente demasiado efusivo”, alerta Glickman. Seja profissional e maduro. Lees salienta que em alguns setores, como a moda ou a tecnologia, é mais adequado exprimir o seu gosto por alguns produtos ou serviços da empresa. Uma boa regra é “usar o estilo de linguagem que o recrutador usaria com um dos seus clientes.”
Muitos dos conselhos que pode encontrar sugerem que escreva uma carta com menos de uma página completa. Mas, tanto Glickman como Lees, afirmam que é preferível ser ainda mais breve. “A maioria das cartas de apresentação que vejo são demasiado longas”, diz Lees. “A carta deve ser suficientemente curta para poder ser lida com um olhar”. Tem de cobrir muita coisa, mas de forma sucinta.
“No buraco negro de um sistema online, as regras podem ser diferentes”, admite Glickman. Muitas empresas hoje em dia utilizam sistemas de candidatura online que não permitem uma carta de apresentação. Poderá descobrir como incluir uma no mesmo documento do currículo, mas não há garantia, especialmente porque alguns sistemas apenas admitem a introdução de dados em caixas específicas. Nestes casos, use os formatos que lhe são concedidos para demonstrar a sua capacidade de realizar o trabalho e o seu entusiasmo pela função. Se possível, tente arranjar alguém a quem possa enviar um breve email de seguimento, salientando alguns pontos-chave da sua candidatura.
A fazer:
a. Use uma frase de abertura forte, que torne claras as razões pelas quais pretende o emprego e é a pessoa certa para ele
a. Tentar ser engraçadinho — a maioria das vezes não resulta
2. Faça uma abertura forte
Se tiver uma relação pessoal com a empresa ou com alguém que ali trabalhe, não deixe de o mencionar na primeira ou na segunda frase. E enderece a sua carta a alguém específico. “Com as redes sociais, não há desculpa para não descobrir o nome de um responsável de recursos humanos”, afirma Glickman.
3. Enfatize o seu valor pessoal
4. Transmita entusiasmo
5. Escreva um texto curto
6. Quando não pode enviar uma carta de apresentação
Princípios a recordar
b. Seja sucinto — um recrutador deve poder ler a carta de apresentação com um único olhar
c. Partilhe uma concretização que prove a sua capacidade de lidar com os desafios que o empregador enfrenta
A não fazer:
b. Enviar uma carta de apresentação genérica — personalize a carta para cada posto de trabalho específico
c. Exagerar nas lisonjas — seja profissional e maduro
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