terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Mercedes-Benz “contrata” Che Guevara e vê-se obrigada a pedir desculpa

A Mercedes-Benz utilizou uma imagem alterada de Che Guevara para promover um novo produto, onde substitui a estrela de cinco pontas da boina do guerrilheiro pelo símbolo da marca alemã. A estratégia ousada da fabricante acabou por redundar num enorme fracasso: vários exilados cubanos expressaram a sua indignação, e a fabricante acabou por fazer um pedido de desculpas público.
A ideia que está no centro da polémica foi posta em prática na terça-feira passada, durante uma apresentação da Mercedes-Benz no Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas. O presidente da fabricante alemã, Dieter Zetsche, apresentava ao público uma nova aplicação que ajuda a partilha de carros entre pessoas que se deslocam para o mesmo destino, quando nos ecrãs surgiu a icónica fotografia de Che Guevara ostentando o logótipo da empresa. A metáfora servia para mostrar o quanto a aplicação “CarTogether” é “revolucionária” já que, ao permitir aos utilizadores partilhar viagens, com recurso às redes sociais, diminui as emissões de dióxido de carbono, defende a empresa. “Alguns colegas ainda acham que partilhar o carro se aproxima do comunismo”, disse Dieter Zetsche, citado pelo El País. “Bem, se é esse o caso, ‘viva la revolución!’”, completou.

A campanha da Mercedes-Benz caiu muito mal no seio da comunidade cubana no exílio, crítica para com o guerrilheiro cubano, um dos principais responsáveis pelo nascimento do regime castrista, actualmente liderado por Raúl Castro. Vários exilados utilizaram a internet como meio para exigir um pedido de desculpas por parte da fabricante alemã, deixando mensagens como “digam à Mercedes-Benz que não é correcto usar a imagem de um assassino em massa”.
A resposta da marca germânica não se fez tardar. Em comunicado, a Daimler (que controla a Mercedes-Benz) procurou pôr um ponto final à polémica com um pedido de desculpas. “No seu discurso na CES, o Dieter Zetsche referiu-se à revolução no sector automóvel possibilitada pela novas tecnologias, em particular as mudanças associadas à conectividade. Para ilustrar isso, a companhia utilizou por breves instantes uma fotografia de Che Guevara (que foi uma das muitas imagens e vídeos da apresentação). A Daimler não estava a apoiar a vida ou as acções deste personagem histórico nem a filosofia política que defendia. Pedimos desculpa a todos aqueles que se sentiram ofendidos”, lê-se no comunicado, citado pelo El País.

João M. Chamorra nº 27397

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