É frequente que um jovem adulto dos tempos actuais olhe para a sua infância com nostalgia e com a clara consciência que as gerações futuras nunca terão uma meninice igual. Apenas há alguns anos atrás, as crianças brincavam na rua, tinham amigos reais e uma vida mais saudável. Não havia forma de as controlar e as brincadeiras eram inocentes e puras. Brincavam ao pião, saltavam ao elástico, andavam de bicicleta, saltavam à corda… Brincadeiras em grupo que nunca acabavam mal. A Mamã dá Licença, o Jogo da Macaca e o Jogo do Lenço foram trocados pelos Jogos Nintendo e Playstation. O Jogo da Escondida, o Jogo da Apanhada e até uma simples corrida até à árvore deram lugar aos jogos online. A corrida de sacos e os carrinhos de rolamentos são hoje carros telecomandados que podem até fazer piruetas. O pião, as pirolitas (berlinde) e as caricas que se jogavam sentados no chão, hoje as crianças nem sabem como se joga. Antes cantava-se o Bom Barqueiro, a Pimponeta e o Um Dó Li Tá; agora cantam-se músicas de rap, de metal e o pop da moda. Até o simples conceito de desenho animado mudou. Todas as crianças de antigamente viam o Tom Sawyer, a Heidi, a Rua Sésamo. Desenhos animados serenos e que cumpriam o propósito de bem criar e educar. Hoje em dia, são os desenhos animados mais violentos e grosseiros que tomam conta do ecrã às sete da manhã de sábado. Antes, as crianças iam dormir ao som do Vitinho. Hoje adormecem a trocar sms.
As novas tecnologias e tudo aquilo que se lhes associa, trouxeram comodidade à vida das pessoas. Tudo agora é mais simples e mais rápido. Mas, até que ponto serão mais eficientes e mais benéficos? As crianças de hoje brincam em casa, sentados em frente a um computador. As amizades que semeiam, florescem, muitas vezes, por meios tecnológicos. Os amigos de agora são virtuais. As crianças já não brincam na rua, não correm, não riem. A vida é cada vez mais sedentária e a falta de actividade pode trazer consequências físicas e morais que não são propícias a um jovem de tenra idade. O convívio entre os mais pequenos está a perder-se e os pais encontram na televisão o melhor babysitter. O acesso é fácil, o conteúdo é muito. Coisas que deviam saber aos 20, hoje sabem aos 10...
Onde foi parar a infância? Onde estão as brincadeiras de outros tempos? Quais são as vantagens de viver quase automatizado? Perguntas que não têm fim, não têm resposta, não têm justificação…
Nuno Pessoa
1 comentário:
True.. true... true. Daqui a uns aninhos veremos os frutos.
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