Em vez do ar sério dos escritos dos anos 60 de Philip Kotler e Ted Levitt e das mais recentes tácticas de bajulação e CRM, experimente o oposto - importune e arrelie a sua clientela, atormente os clientes, ralhe com eles, torne-os perplexos, carregue-os de dúvidas, chegue mesmo a "chateá-los", deixe-os em "pulgas", aconselha um professor de Marketing da Escola de Marketing, Empreendedorismo e Estratégia (School of Marketing, Entrepreneurship and Strategy) da Universidade do Ulster, na Irlanda do Norte. Ele sugere substituir marketing por "marktease", algo difícil de traduzir para o português, mas que mistura marketing com importunar (tease).
Nesta época de crise, em que as estratégias de fidelização da clientela são fundamentais, isto pode parecer paradoxal. Os clientes respondem com um bocejo e com uma certa sensação de déja vue. A opinião herética de Brown foi publicada em Marketing: The Retro Revolution (compra do livro), lançado pela Sage, no Reino Unido. Trata-se do 12º livro do autor (os restantes pode consultar no sítio na Web do autor. Um artigo de divulgação foi publicado na revista norte-americana Harvard Business Review de Outubro de 2001, com o título provocatório: «Atormente os seus clientes (Eles vão adorar)».
Brown traz em sua defesa uma nova tendência: a paixão pelo "retro" parece estar a pegar - no automóvel, então, é cada vez mais evidente. Basta olhar para os êxitos da nova moda: o novo "carocha" da VW, o Miata da Mazda, o Cruiser da Chrysler, e - para os mais endinheirados - o Jaguar S. O melhor exemplo de retromarketing - a campanha em torno do novo êxito literário Harry Potter.
O lançamento de Harry Potter é o melhor exemplo de uma campanha de retromarketing em contraste com as trivialidades em que o marketing está atolado. Nós precisamos de uma espécie de "destruição criativa" à Schumpeter na área do marketing. O conflito intelectual é uma boa coisa. O paradigma dominante necessita de ser desafiado de tempos a tempos, se não ficamos atolados em trivialidades.
AS 5 ARTES DO RETROMARKETING:
(i) Ideia-guia: os clientes adoram exclusividade, gostam de se achar parte de uma elite, de uma comunidade. Os produtos têm de ser sentidos como algo de culto. Os clientes gostam do prazer da colecção.
(ii) Regra de ouro: máximo secretismo. Máximo mistério. Um clima de intriga total até ao lançamento.
(iii) Depois: amplifique ao máximo através de técnicas de surpresa ou mesmo com um "cheirinho" de ultraje e provocação que choque.
(iv) Ferramentas do métier: use truques e estratagemas. Mas não seja vigarista. Não pise o risco da charlatanice.
(v) Recomendação final: marketing tem de ser entretenimento. Tem de divertir. O marketing perdeu a piada desde que se transformou numa disciplina "sisuda".
Entrevista na Janelanaweb ou uma tese sobre o tópico.
Saudações académicas
João Leitão
6 comentários:
Prometo que vou investigar sobre este tema, até pk também eu aprecio a conflitualidade. No entanto, os meus conhecimentos de Marketing são reduzidos (muito) pelo que, mesmo ficando maravilhado com este conta-Marketing, deve ser melhor em primeiro lugar formar ideias de Marketing, para depois sim, poder apreciar e aplicar as vantagens do retromarketing.
Como nota de rodapé (ou de titulo principal) queria mais uma vez deixar os parabéns ao professor pela introdução de temas que em linguagem sub-14(tenho uma irmá cá em casa)chamaria: BRUTAIS, tal o efeito que nos causam no nosso alargar de conhecimentos.
Marketing; retromarketing. Os opostos atraem-se.
Acho que esta nova visão do marketing é criadora de valor para quem trabalha esta disciplina, pelo menos, para se saber aquilo que nunca se deve fazer… (risos).
Falando agora mais a sério, julgo que este autor ( Brown), quis remodelar a estratégia do marketing, mas centrou-se no mesmo objectivo do marketing convencional, ou seja, satisfação do cliente , obtendo o lucro. Brown fala de êxitos com a aplicação do retromarketing, mas a meu ver ainda são poucos. Vamos talvez esperar mais um tempo para ver qual a estratégia que realmente vinga num mercado onde “adivinhar é proibido”.
E a possibilidade de voltar ao passado e de recuperar clássicos com nova roupagem, ou até mesmo revigorar o imaginário dos mais pequenos e dos mais graúdos com histórias de encantar.
Por exemplo: o "nosso" primeiro beijo no Carocha do teu Pai; o pacote de leite triangular da Serraleite; o leitinho de morango da Heidi e do Pedro... e re-beber um Caprisone?
Como nos faz falta o retromarketing em Portugal, que saudosista que eu sou da sardinha enlatada com molho de tomate do Toneca!
O boca doce é bom é bom é, diz o Leitão e diz o BÉBÉÉÉÉ.
Who next teases?
All the Best 4U
Só para responder ao discutido, hoje sobre o assunto na aula de Publicidade com o professor Paulo Duarte:
Então e o teaser, veio ou não para ficar? Não é o verdadeiro retromarketing?
Eu acredito que o retromarketing veio para ficar: primeiro por ser saudosista e dividindo os consumidores em saudosistas e não saudosistas, existe a probabilidade de 50% o serem também.
Depois porque trabalho num grupo que bajula o cliente de uma tal forma, que este se acha no poder, que aliás tem e lhe é dado pelo marketing, e exige mais do que é razoável. E a bem do bom nome da marca, os seus pedidos são (quase) sempre atendidos! Um novo paradigma precisa-se...
Ah! Prof. João Leitão, a Capisonne anda ai outra vez a dar cartas!Pode ser pouco ecológica, mas akela embalagem tem qualquer coisa... e ocupa pouco espaço no lixo - uma vantagem a ser explorada!!
Já agora, alguém se lembra do snack Táxi? embalagem azul escuro e letras amarelas? Não encontro quem se lembre...
Estará ainda à venda?
Boas,
No meio das minhas pesquisas acerca de Retromarketing encontrei o vosso blog ...é bom saber que não estamos sós, e que há já, alguns interessados no tema. Sou finalista do curso superior de gestão de Marketing no IPAM de Aveiro e preparo-me para defender o Retromarketing no âmbito de trabalho de final de curso. Há 2 anos que estudo esta corrente de Mkt mas só este ano decidi investigar um pouco mais a fundo. Retromarketing …Sim definitivamente, mas, só para quem sabe e pode dar-se ao luxo de aplicar uma abordagem prática. Não é no entanto, a “resposta” nem alternativa perante a crescente “saturação” e sensação de “deja vu” que as mais variadas técnicas de Marketing causam presentemente no cliente. Retromarketing tem ainda grandes limitações não sendo a sua aplicabilidade tão vasta quanto á partida podemos pensar, (aliás, o próprio autor assim o afirma). Eu que o diga também, ao propor-me apresentar um caso prático Nacional, acerca de algum produto|serviço|campanha que contemplasse os princípios do Retromkt. Conclusão: - Retromarketing em Portugal é ainda mentira. Para além de, não haver ainda um conhecimento sustentado de, o que é, e de como eficazmente instaurar as suas politicas, não possuímos organizações com magnitude, estrutura e um background que permita a sua aplicabilidade e suporte consequentemente os riscos inerentes que lhe são associados. Acontece sim, muito por cá, (e não se confunda) Retrostyling ou Brand-revival e isso, por si só, não é Retromarketing.
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