quinta-feira, 19 de janeiro de 2006

Os mitos e o estudo do mercado


É voz corrente que nos nossos dias é uma minoria o grupo de pessoas que tem vivência religiosa.
Mas não é isso que diz o consumidor 2004, da Marktest.

24 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom post! Para além de ser um tema que a muitos pode interessar, é uma prova do que muito errado se vai dizendo por ai à cerca de temas que o Estudo de Mercado nos mostra, nem sempre são como nos parece.

Anónimo disse...

"O estudo Consumidor 2004 indica que quase cinco milhões de portugueses praticam religião."

O que é praticar uma religião?

"Em 2004, o Consumidor contabiliza 4 744 mil residentes no Continente com 15 e mais anos que afirmam ser praticantes de religião".

Ou seja as pessoas é que afirmam ser, as pessoas, segundo parâmetros pessoais. Desculpem mas não será demasiado ambiguo demais para tirar conclusões.

Por exemplo há quem considere o Benfica uma religião (pessoas iluminadas :), os lagartos são certamente as pessoas com mais fé que já vi, já os ouvi dizer que vão ser campeões!?!

Não nos esqueçamos que principalmente na fé católica que muitas vezes é vista mais como um legado familiar do que uma escolha consciente. Aí há pessoas que por ter a biblia em casa dizem que são católicas.

E a ficha técnica do estudo?Onde está a ficha técnica do estudo? Sinceramente esta sondagem pararece um pouco ligeira demais e ponde induzir em erro as gráficas que segundo este estudo certamente verão uma oportunidade de negócio, para inundarem o mercado com Bíblias e com o Alcorão entre outros :)

Mais uma vez peço desculpa mas não quero ferir susceptibilidades, sem querer questionar a validade dos E.M., não os considero uma religião dogmática. Actualmente td o que vem com o catálogo de E.M. e é acompanhado por uns gráficos passa a ser considerado verdade. Serão então as sondagens da revista Maria verdade, então em Portugal 70% dos homens julgam como seus filhos qundo o são de outrém?!

Realmente há "uma voz corrente que nos nossos dias é uma minoria o grupo de pessoas que tem vivência religiosa", mas será realmente um mito?Realmente cm dizeram nem sempre os resultados são o que esperamos (tanto k o investigador tem de ser tábua rasa pr o estudo), mas não haverá também a possibilidade de quando isso acontece o estudo não ter grande validade?

Quem vir este estudo até é levado a pensar que as religiões estão adequadas ao mundo moderno,para os interessados aconselho "Anjos e Demónios", onde a dictomia Ciência / Relegião (católica) é explorada.

Anónimo disse...

Caro Houdini, homem de pouca fé nos estudos.

A informação técnica sobe o estudo está disponível, é só ver no sítio do estudo (não é uma sondagem, poderá ver que é bem mais que isso). Assim poderá avaliar o que o preocupa.

Relativamente à questão da definição de prática religiosa, não sei se a definição de prática religiosa terá sido deixada ao critério do respondente, mas se pretende pode pedir um esclarecimento técnico à Marktest. De qualquer forma, se para uma pessoa a prática religiosa é frequentar um templo com regularidade, para outra é rezar com regularidade e para outra é outra coisa completamente diferente, isso não põe em causa as conclusões - o que se estuda é a prática, e não a ida à missa ao Domingo. Para isso há outros estudos.

Só mais uma questão: quanto ao investigador ter de fazer tabula rasa antes de partir para o estudo, essa é uma falácia empirista (o indutivismo), mormente como é visto por John Locke (se bem que a ideia de tabula rasa tenha sido introduzida por Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, no século XIII). O indutivismo como "A maneira" de gerar conhecimento foi posto em causa pelo perú do Bertrand Russell, mas o comentário já vai longo para contar essa história.
Fique no entanto claro que a teoria prévia é essencial para a realização de qualquer estudo de mercado ou investigação científica. Pode arrumar a tabula na gaveta da história da ciência.

Anónimo disse...

Serão mesmo diferentes a ciência e a religião?

Será o marketing uma ciência ou uma religião?

Ficam as questões.

Anónimo disse...

Sejamos claros eu sou um homem de muita fé nos estudos.

Segundo, claro que não minha intenção comparar o estudo às sondagens da Maria, só disse que as suas conclusões podem ser falaciosas.

Não ponho em causa que a religião seja algo pessoal, algo que não é restringivel a códigos de conduta, ou a quatro paredes.

Pelos dados que são aqui expostos há algo que para mim não é claro que é o que é ter uma vivência religiosa? A minha questão é essa?

Peço desculpa senão fui claro o que queria dizer com tábua rasa é que um cientista não deve deixar (tentar o mais possível) que o seu "eu" intrefira no desenvolvimento do estudo.

O que queria na minha intervenção é que conclusões podemos retirar dos dados apresentados? Que afinal não temos uma crise de valores? Que 60% dos portugueses acreditam em algo superior e seguem uma determinada organização religiosa?

Quanto às questões do céptico estou curioso pelas resposta que irá obter.

Anónimo disse...

Ora ora, uma "conversa amena" sobre um tema que nos toca e que finalmente gerou um clima de apresentação de ideias e descobrir que existe muita massa critica a frequentar o blog: MUITO BOM! Quanto à problemática: alunos de Estudos de Mercado I (2006/2007) já sabem o que vos toca... praticantes de religião :)

Anónimo disse...

Caro Houdini

Em primeiro lugar acho que não tem nada que pedir desculpa pelas suas opiniões. Fale ainda que haja quem discorde, ou até que se possa enganar. É melhor falar e cometer um erro do que simplesmente ficar calado – seja por não ter que dizer ou por medo de errar.

Agora quanto à sua questão central – a possível ambiguidade (não resisti ao uso da palavra ;) no conceito de prática religiosa. Ora o que me parece é que esse conceito é e deve ser estritamente pessoal e subjectivo. Mas isso não invalida as conclusões – o que está em questão é se as pessoas consideram que têm uma prática religiosa, e não se o Cardeal Patriarca concorda ou não com essa consideração.

Relativamente ao assunto da tabula, e à não interferência do investigador sobre o objecto em estudo, esse é também um mito acerca do processo de construção científica. Por um lado havendo contacto entre investigador e objecto investigado haverá sempre, em maior ou menor grau, influência daquele sobre este. Por outro, existem métodos de investigação em que o investigador integra deliberadamente a realidade que pretende estudar, caso dos estudos etnográficos e da grounded theory. Esta última foi por exemplo usada na Austrália para “desmontar” mitos que existiam acerca da cerveja e dos bebedores australianos desse líquido. No entanto, devido a um certo discurso relativo às metodologias interpretativa e pós-modernista por parte de alguns investigadores, estes métodos de investigação são ainda pouco utilizados no Marketing.

Anónimo disse...

Caro Céptico

Relativamente à sua primeira questão, a minha opinião (pouco habilitada no tema) é de que para algumas pessoas a ciência se apresenta como uma verdadeira religião. Há muita boa gente que tem verdadeira fé na ciência, ou seja, acredita e confia nela e no seu poder sem realmente a compreender – os cientistas, sacerdotes modernos, recorrem à Ciência para explicar, prever e reger a natureza e os homens. Mas cuidado que até o cepticismo pode ser uma forma de fé.
Mas claramente que a religião não é uma ciência. Nos meus tempos de estudante de doutoramento, em Erasmus, partilhei casa com um rapaz chileno, que (não sei se é assim que se diz) “deitava” cartas de Tarot. E dizia que o Tarot obedecia a um conjunto de normas e a um método em tudo semelhante ao científico, pelo que o Tarot seria uma ciência. Ora uma característica da ciência é de que ela é falsificável (ver Popper), ou seja, aquilo que a ciência diz agora, as teorias, leis, paradigmas etc., podem vir a ser considerados falsos no futuro e substituídos por outros que melhor expliquem e prevejam a realidade. E uma característica da fé é o acreditar sem necessidade de evidência, e não há evidencia possível que possa levar à falsificabilidade da religião.

Quanto ao mk ser uma ciência ou uma religião duas coisas: Que é uma ciência é inegável – vejam os trabalhos de Shelby Hunt (podem não saber, mas este senhor é bem mais importante que o Kotler na ciência do mk). Se o mk pode ser tb uma religião? Claro, como qualquer outra ciência – basta acreditar-se piamente nela sem a compreender.

Anónimo disse...

Já agora, desculpem o tamanho dos comentários, mas uma pessoa entusiama-se...

bfs

Anónimo disse...

Bem a discussão vai amena, realmente parece que massa crítica não falta, como diz o Ecomkt e muita massa anda por aí escondida, só espreita mas não participa.

Sem querer ser repetitivo, continuo a achar que a ambiguidade do estudo é excessiva. A única conclusão que consigo extrair é que o ser humano precisa de acreditar em algo que justifique a sua passagem pela vida, seja o que o for. Como religião não há só a católica deixo uma outra noção a de Abrahm Lincon: “ Quando faço o bem sinto-me bem, quando pratico o mal sinto-me mal, esta é a minha pauta de conduta, esta é a minha religião”.

Mas para retirar esta conclusão penso que não seria necessário realizar um estudo, uma consulta a uma enciclopédia de História mundial chegava e nem precisa ser das melhores. Toda a história humana está impregnada pela procura de significado, de sentido, o ser humano é carente de certezas, todos almejamos ter um sítio para fincar os pés e poder viver, mas curiosamente penso que isso nem os “excêntricos do Euromilhões conseguem comprar.

Agora vou deitar achas para a outra fogueira religião / ciência, dicotomia? Paralelismo? União secreta?

Papa Pio XII dizia "A verdadeira ciência descobre Deus atrás de cada porta". Numa interpretação algo livre, mas penso passiva de se aceitar, podemos dizer que nesta frase se diz que a ciência (física, matemática, química, …) é o instrumento de Deus. Podemos tipificar, descobrir, reduzir a fórmulas, mas a ciência tem limites, os da compreensão humana, e é aí que surge o divino e não o entendemos porque não estamos preparados, Deus atrás da porta.

Professor então para si é pacifico que um Sacerdote possa ser cientista? Certo que há casos célebres, Mendel (acho que é assim que se escreve é o da genética, o das ervilhas), Lemaitre, mas não estou a pregunta se existe, depois de ler o comentário fiquei curioso de saber a sua opinião.

Para acabar uma provocação, segundo o professor tudo pode ser uma religião basta acreditar-se piamente nela sem a compreender e se a compreendemos e continuar a acreditar não será ainda mais dentro do espirito da religião?

Já conhecemos as perguntas do Céptico interessante seria conhecer as respostas. Mas a segunda é clara MKT é uma religião das mais poderosas do mundo.

Quanto ao tamanho peço desculpa a tds menos ao professor Ricardo que também já hoje me fez ler mt hoje.

Anónimo disse...

Deduzo então pls comentários q, a característica q distingue a religião da ciência é a crença, o acreditar piamente em algo e a resistência à mudança, isto é, a ciência pode mudar mas a religião não. Para sermos rigorosos, como quereria Great Houdini, é necessário clarificar de q religião estamos a falar.

Em normas e metodos nem me falem q so me lembra burocracia e serviços académicos q de cientificos nada têm, já qto a religiosos... eu continuo a acreditar q poderiam funcionar bem melhor.

Qto ao marketing ser ou não 1 religião, eu diria q… mas não digo, é melhor deixar a questão em aberto e ver se a massa critica fermenta e cresce.

Anónimo disse...

Tentando ser sucinto:

Para mim a religião trata do transcendente, do sobrenatural, enquanto que a ciência trata do natural.
Daí que uma pessoa se possa dedicar a uma e a outra, sem qq incompatibilidade, seja um monge austríaco a plantar ervilhas no intervalo das orações ou um sacerdote português a estudar anatomia patológica, ensinando-a na UBI. São planos diferentes.
Respondendo simultaneamente aos 2 PP (o prestidigitador e o pirrónico), esclareço que não entendo que a crença tenha de ser cega. A questão, caros PP, está na falsificabilidade (novamente o bom do Popper). Acho que não há forma de encontrar evidências que “provem” que a religião está certa ou errada. Daí a fé.
A ciência precisa de “ver para crer”, a fé não vê mas crê.

Ricardo Gouveia Rodrigues

P.S. aos mais atentos esclareço tb que simplifico a minha própria visão da ciência, “esquecendo” por exemplo a natureza quase religiosa dos paradigmas de Khun. Tudo a bem da discussão.

Anónimo disse...

Realmente as palavras são como as cerejas. Esta discussão já caminhou alguns trilhos.

Já deixamos o estudo para trás, apesar de continuar a achar que a ambiguidade é muita quase tanta como a da cadeira de Mkt da PMEs  e agora o cerne da questão parece que é religião / ciência. Para variar, não me enquadro perfeitamente na visão do meu caro Prelector (o P parece que está de moda), o que pensando bem até podemos considerar natural, pessoas diferentes, educações diferentes opiniões diferentes, estranho seria se pensássemos da mesma forma.

O professor separa o campo de investigação da ciência ao natural, mas será mesmo assim, eu não consigo traçar uma linha que separe claramente natural e sobrenatural. Consigo conceber diferença entre estado de técnica (conhecimento de todos) e desconhecido. Os relâmpagos já foram habitantes do campo do sobrenatural e agora não são, passaram para o campo do explicável. Considero que ambos os conceitos têm como fim último o mesmo dar explicações e justificar o que nos cerca.

Como diria Carl Sagan na série “Cosmos” que por acaso até penso que é da geração do professor  “o ser humano está suspenso a meio caminho entre as divindades e os animais”. A ciência é esse caminho, em muitos casos já permite o ser humano fazer de Deus, exemplo crasso a engenharia genética.

Como o professor já disse a fé é pessoal, logo e não são poucas pessoas só acreditam pouco acham que tem provas, quantos de nós não pediram provas para acreditar é a existência humana, até São Tomé quis provas e segundo a Bíblia Cristo não fez outra coisa mais do que dar provas. O que penso ser triste, porque se fala tanto dos milagres, da vida factual de Cristo, mas pouco ouço falar da palavra.

Como o professor facilitou não falando dos pardigma de Khun, com pena minha pois é sempre bom aprender, também não vou dizer que a religião e a fé e principalmente a católica são falsificáveis.

Quanta ao marketing sr pirrónico ex-ceptico, para mim é mais um passo na caminhada para o divino, mais um passo para o entendimento do humano. Caros bloguistas que tem paciência para ler até ao fim, que não serão muitos digo-vos que é um orgulho pertencer a este curso e poder partilhar ideias com quem sabe e poder armar-me em carapau de corrida mandar uns bitaites e eles perderem tempo a responder e digo isto “ Ab imo pectore”.

Anónimo disse...

Depois de um par de dias de silêncio (que não foi causado pelo tamanho do comentário do Prestidigitador) algumas notas.

Em primeiro lugar, como homenagem a uma forma de ver a ciência que talvez tenha resultado algo maltratada dos meus comentários anteriores, o empirismo (foi muito importante no seu tempo), cito o grande Francis Bacon, pai da filosofia da ciência:

“Quod enim mavult homo verum est, id potius credit”
[O homem acredita mais facilmente naquilo que gostaria que fosse verdade] (Francis Bacon: Novum Organun, 1620)

Compreendo, Houdini, que queira saber mais sobre Khun e os seus paradigmas, e de como eles se podem relacionar com a conversa presente. O que lhe sugiro é a leitura de um capítulo de um livro muito interessante do psicólogo/investigador Robin Dunbar, chamado The Trouble with Science. O capítulo chama-se What is This Thing Called Science?
Pode então descobrir as maravilhas dos paradigmas e até deslumbrar-se e deixar-se conquistar pelo apelo da proposta de Feyerabend.
Depois desta leitura o seu conceito de ciência nunca mais será o mesmo.

E como imagino que a sua mudança de paradigma vai provocar uma série de comentários, proponho ao nosso Administrador que volte a puxar este post para cima, para que a discussão não seja “arquivada”.

Outra nota: sobrenatural não é sinónimo de inexplicável, ou não tem que ser. Relaciona-se sim com a espiritualidade. Se tem vontade de trabalhar o tema sugiro-lhe por exemplo o sítio Lugar Sagrado.

Talvez lhe seja útil a citação encontrada no sítio da comunidade ecuménica de Taizé:

«No mais profundo da condição humana repousa a espera de uma presença, o silencioso desejo de uma comunhão. Não esqueçamos nunca que este simples desejo de Deus é já o começo da fé».

Anónimo disse...

Desde já exponho publicamente ao prelector Ricardo Rodrigues, o meu agradecimento de compartilhar o texto acima referido. Fico à espera.
Mas desde já explicito a minha opinião actual, para facilitar de futuro comparar as mudanças provenientes de tal leitura enriquecedora.
Primeiro acho que o professor simplifica em demasia algumas questões, devo dizer que a dicotomia discutida não me parece assim tão simples. Mas também devo dizer que começam a surgir pontos comuns nesta discussão, que nada mais é senão uma herança de Galileu. Concordo realmente que a ciência é cumulativa, falsificável, questionável e a religião longe disso, dogmática e quase estática, move-se tanto como uma pedra numa planície alentejana sem vento = ) Resumindo ciência “Nullius in Verba” (não acredites em nada do que te digam), a igreja, há dúvidas? Não há nem podia haver = )
Discordo da separação entre sobrenatural e inexplicável. Senão fosse assim o porque do nome sobrenatural, sobre o natural? Mas, estou aberto a sugestões, uma coisa que seja considerada por sobrenatural e seja claramente explicável, para mudar de postura.
Mantenho que a ciência e a religião se ocupam do mesmo os fundamentos da existência e do saber. No geral é deixado para o religioso o que não é explicável, é deixado para a religião as lacunas da ciência. Se tudo fosse explicável, mesmo tudo (até as mulheres), se houvesse uma fórmula absoluta, que poderíamos se baptizar de “NewGod” será que continuaria a existir lugar para o religioso? Impossível, o conhecimento absoluto? Einstein já dizia a única coisa incompreensível acerca do Universo é o ser completamente compreensível.
Clarifico que falo de religião, como organização, seja ela de que credo for. Falo das explicações sugeridas, como por exemplo no livro do “Génesis” nomeadamente na “História das origens”, pois é aqui que surge a celeuma. Não falo da vertente de uma orientação ética e moral, de uma proposta de conduta, muito útil para todos, até para a ciência, como reguladora, como consciência moral, sob pena de existirem mais Frankenstein’s e útil também como “ama seca” de ramos novos da ciência, como a genética e a nano tecnologia.
Esclareço, que não concordo com sofreguidão cientifica, de abarcar tudo e excomungar qualquer hipótese de existir uma “mão divina”, temos por exemplo o grande Einstein a dizer que não acredita que Deus jogue aos dados com o Universo, digo eu porque não? Será mesmo mais fácil acreditar num mundo actual é o resultado de uma combinação de impossíveis. Aí, considero que estamos perante um dogmatismo cientifico e essa palavra não me inspira confiança, talvez legado dos docentes do curso que quando expõem a matéria estão sempre abertos a discussão, como diz a frase já famosa do professor Paulo ao fim de cada capitulo, tenham a matéria dada em conta mas não se esqueçam que não há receitas, cada caso é um caso.
Quanto à questão do método científico, que não foi esquecida, o professor sabe que não desisto facilmente = ) Realmente, o investigador pode perfeitamente estar imiscuído na investigação e é de todo impossível o investigador deslaçar a simbiose entre o investigador e a pessoa. Tudo bem até aqui, mas penso que a minha postura também não é pedagogicamente errada. Vejamos, eu dizia que o investigador apesar de não o fazer totalmente por vezes terá de tentar cobrir-se de um véu de ignorância, para poder almejar a cobrir-se com um manto de verdade. Pois a tendência humana infelizmente é ver aquilo que acredita e não acreditar naquilo que vê. Às vezes o investigador poderá padecer de um estado condicionante e inibidor de conhecimento, escotoma (por vezes as noções pré concebidas são tão poderosas que não deixam espaço para aceitar o diferente). É isto que eu defendo que antes de tirar as conclusões devemos tentar olhar para os resultados com diferentes olhos, talvez pedir uma segunda opinião.
De momento é só, era para pedir desculpa pelo tamanho, mas como o professor vai ler considere uma pequena Vendetta pelo que me fez estudar este fim de semana = ) Eu não me arrependo agora veja lá o professor! Confesso para acabar que o link do Lugar sagrado é excelente merecia mais divulgação.

Anónimo disse...

Volto ao ponto: a Fé não necessita de provas. Nem sequer as pode obter no mundo secular (passe a redundância). Isso quer dizer que na Fé não há lugar à dúvida? Não creio. Quer dizer que todos os que partilham uma certa Fé acreditam exactamente nas mesmas coisas e da mesma forma? Claro que não.
Falando da Igreja Católica, cuja realidade conheço melhor, ela está pejada de larguíssimas dezenas de movimentos diferentes, porque as pessoas vêem e vivem a sua Fé de forma diferente.
Também não acho que a Fé seja estática. Como ela é individual, cada qual terá o seu ponto de partida e fará a sua própria evolução.
Só que ao contrário do que diz o seu Antonio Machado, é proposto um caminho pela religião. Mas é ao caminhante que cabe caminhar, e só caminhando se faz caminho. É a cada um que cumpre cuidar da sua espiritualidade.
Num tempo em que parece estranho que milhões de pessoas se ponham a caminho, peregrinos a Meca, esquecemo-nos que o peregrino é aquele que procura algo mais na sua vida, e que está disposto a deixar o seu lar e o seu conforto para fazer caminho.

Já agora, se o fazer caminho lhe interessa, talvez goste de saber que na noite de 19 de Maio irá decorrer a Noite Inaciana, organizada pelo Grupo de Jovens de S. Martinho, que consiste numa peregrinação entre a Sr.ª do Carmo no Teixoso e Santo António.

Talvez seja melhor nem falar de ciência neste comentário, escrito baseado no sentir e não no saber.

Anónimo disse...

Já agora, cá fica o poema Caminante do Antonio Machado:

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

Anónimo disse...

E zás.
Fomos sumariamente arquivados.
Vá lá, ilustre administrador. Um "puxãozinho" para cima a uma conversa sobre as coisas do Alto.

Anónimo disse...

e zás.
Fomos desarquivados.
O nosso ilustre administrador afinal tem consideração pelas coisas do alto,não o podemos desiludir :)

O prelector deve ter uma veia politica, fala bem argumenta bem e foge bem às questões, mas claro como gosta de fazer também para além de falar não teria futuro nessa classe.

Dizer que a fé não é estática através do individual penso que é uma falácia, pois está misturar dois conceitos diferentes a fé pessoal e a fé organizada, concretizando na fé católica, ouvi dizer que muitas pessoas católicas praticam relações sexuais antes do casamento sem qualquer preconceito (ouvi dizer, não sei se é boato ou não) e o Vaticano continua a condenar esse acto, o individual evolui e o geral não, um pouco estranho mas é um facto.

O marketing também tem diversos ramos distintos, mas tem um conjunto de caracteristicas que os fazem pertencer todos os ramos à árvore de "Mkt" e não a outra.

Falando só do sentir eu sou um ca,minhante e percorro o meu caminho mas continuo a achar k o caminho iluminado por velas proposto pela religião fica ofuscado pelas luzes de néon do caminho do saber. Por isso eu penso k as conclusões deste estudo ñ reflectem a realidade.

Fico à espera k fale da parte do saber!

Anónimo disse...

Espero que o referido texto lhe tenha chegado às mãos.

Anónimo disse...

Ping Pong!

Anónimo disse...

Muito agrediço pela atenção é só pr dizer k o referido texto chegou bem de saude. Assim k digerido voltarei à carga.

Qt ao ping pong, olha pong ping!

Anónimo disse...

É uma chatice, isto de ir para a gaveta.
Mas a verdade é que não justificámos muito o generoso desengavetamento.

Mas se o comentário lhe chegar, caro MM (Mago Magiar), reflicta um pouco sobre a sua ideia de que a Igreja Católica é imobilista à luz do seguinte:

Em 1962 o Papa João XXIII convocou o Concílio do Vaticano II, que viria a revolucionar a Igreja (“…fé organizada…”), isto antes das grandes mudanças sociais do Maio de 1968, e com um impacto na Igreja eventualmente maior que o 25 de Abril de 1974 teve na sociedade portuguesa.
O Concílio trouxe mudanças dentro da Igreja e mudanças na relação entre a Igreja e o mundo.
A língua de celebração deixou de ser o latim; as igrejas (templos) passaram a ser construídas de forma diferente, porque os crentes passaram a ser encarados de forma diferente – com um papel bem mais activo (contrariamente ao proposto por Pio X em 1906); a assunção explícita de que a Igreja é passível de mudança e crítica, etc.
Mas tb mudou a visão da Igreja qt à liberdade religiosa – a Igreja Católica deixou de se ver a si própria como a detentora do monopólio da verdade, acabando com o “se não és baptizado não te podes salvar”. A centralidade da consciência individual: “a dignidade humana exige que ele (o homem) proceda segundo a própria consciência e por adesão ou seja movido e induzido pessoalmente desde dentro e não levado por cegos impulsos interiores ou por mera coacção externa”,
etc.
etc.
Se quiser pode ver mais sobre o Concílio aqui, aqui ou aqui, ou aqui.
As mudanças foram de tal ordem que houve quem as não aceitasse, surgindo movimentos de cisão (como o de Monseigneur Lefèvre).

Ainda acha que a “…fé organizada…” não muda?
Parece-me que pensava isso por haver dentro dela pessoas que não se revêem nalgumas posições da Igreja. Mas lá está, se algumas podem pensar que o sexo fora do casamento é aceitável, outros pensarão até que o sexo sem fins de reprodução não o é. Nenhuma das posições é a da Igreja mas esta acolhe no seu seio quem pensa de uma forma e de outra. Haverá poucas organizações que abriguem tão grande variedade de sentires e pensares.

O que leva à questão do falar sobre o “saber”. Mas para isso espero pelo resultado da sua leitura.
Já agora a referência do livro é: Dunbar, Robin (1995) The trouble with Science, London, UK: Faber and Faber

Anónimo disse...

uma pequena achega à questão ciência/religião, dada por João César das Neves.
Podemos ou não concordar com o resto da crónica, mas é a opinião dele.
A questão que acho que deve ficar é que qq religião pode levar ao fundamentalismo. Mas tb qq preferência clubísitca, filiação partidária, ideologia política, ou ainda qq outra causa.
O fundamentalismo não é exclusivo da religião.
O que me parece ao "olhar" para a História da Humanidade, é que a religião pode ser um pretexto para o fundamentalismo.
Mas por vezes pode haver outros pretextos para o mesmo fim.