sábado, 14 de janeiro de 2006

Publicidade aumenta consumo de álcool (?)


Uma pesquisa realizada nos EUA pela Universidade de Connecticut indica que a publicidade a bebidas alcoólicas faz os adolescentes e jovens beberem mais.

O estudo ouviu uma amostra de 1900 jovens com idades entre 15 e 26 anos. Os jovens foram entrevistados quatro vezes entre Abril de 1999 e Janeiro de 2001. Segundo o estudo, os jovens que vêem mais anúncios a bebidas alcoólicas em média bebem mais do que os seus pares que vivem em mercados onde há menos publicidade a bebidas.

Segundo o estudo, um jovem de 20 anos que veja cinco anúncios a bebidas alcoólicas num mês e viva num mercado com poucos gastos per capita em publicidade, consumirá nove bebidas num mês. Este número subirá para 16 bebidas se vir 45 anúncios no mês.

O consumo aumenta muito num jovem com o mesmo perfil, mas com um consumo per capita elevado. Ele beberia 15 bebidas se exposto a poucos anúncios a álcool num mês, mas beberia 26 se visse muitos anúncios.

16 comentários:

Anónimo disse...

Caro Administrador

Eu, economista (com carteira profissional), me confesso, e sugiro que se discuta, de forma crítica, o tópico proposto, tendo uma informação adicional de cariz microeconómico obtida a partir de uma formalização analítica apresentada no paper de Massimo Motta (com quem tive o grato prazer de privar em 2001 na FEUNL... que Senhor... e Simples):

http://ideas.repec.org/p/cpr/ceprdp/1613.html

A ideia é simples para bens com procura rígida, isto é, com elasticidade procura-preço igual a zero, as interdições (ou bans) de publicidade contribuem para o aumento da procura dos bens em questão.

Por este motivo e mais alguns, vamos considerar as interdições de publicidade e os aumentos dos impostos aplicados sobre este tipo de bens (vulgo, bebidas alcoólicas e tabaco) como uma forma deliberada de encaixar receitas adicionais.

Não partilho a visão de que, autorizar a Publicidade a este tipo de bens, possa contribuir para o aumento da procura associada.

Se me permite ter uma visão diferente, há que fomentar mais publicidade que informe, simultaneamente, os consumidores das características e das componentes destes bens e, sobretudo, dos malefícios associados e da forma de repartição e aplicação das receitas geradas a partir do consumo de drogas, socialmente, aceites.

Sim, porque também existem outras drogas que, aparentemente, ninguém tem coragem de publicitar e de cobrar impostos sobre as mesmas.

Mas não vamos falar sobre esse assunto porque afinal apenas diz respeito aos dependentes do primeiro ao último grau.

Anónimo disse...

Aqui está um post lapalissiano que agradará à SuperBock. Parece claro que se eles fazem publicidade é com a expectativa de aumentar o consumo. E isso não me parece que seja uma questão de visão, mas sim de resultados de um estudo, caro João Leitão.

Anónimo disse...

Que dogma tão profundo!

Um post não pode gerar outras visões? Assine as suas opiniões. Assuma a sua diferença, mesmo que seja dogmática. A meu ver não discutiu a visão apresentada porque acusou o toque e não tem bagagem para tal.

Parafraseando Sócrates na sua alocução aos juízes que decidem condená-lo à morte...

«Não foi por falta de argumentação que fui condenado, mas por falta de audácia e de descaramento e porque não quis que ouvísseis o que vos daria o maior agrado... nem agora me arrependo de me haver defendido assim. Prefiro muito mais morrer depois de me haver defendido como o fiz a viver graças a tais baixesas» (Platão, p.59, l.7).

PS - Eu assino os posts!

Anónimo disse...

Nunca esperei que este simples post viesse a gerar tamanha polémica. Trata-se apenas da apresentação dos resultados de um estudo, aliás como tantos outros.

Este realmente tinha um interesse especial, uma vez que, este mesmo tema foi alvo de debate, bem aceso por sinal, numa aula da disciplina de publicidade e relações públicas.

Agradeço ao Prof. João Leitão a partilha da sua visão e da referência, que vou ler com atenção, pois pode bem vir a servir como argumento num futuro debate entre alunos no âmbito da disciplina que lecciono e gostaria de estar preparado para também o poder discutir.

Anónimo disse...

Caro João Leitão

Parece-me k fui mal interpretado.
O k pretendia era alertar para uma possível incongruência entre os resultados do estudo apresentado no post pelo administrador Paulo Duarte e a sua visão acerca dos efeitos da publicidade no consumo do álcool.

Mas tb me parece k não é correcto k em vez de discutir as ideias e/ou opiniões (ainda k não sustentadas por uma bagagem cm a sua) se discuta o emissor das mesmas. Não é correcto nem saudável nem p as partes nem p a discussão. Ou mesmo p discussões futuras, já k dificilmente alguém k não busk o conflito se arriscará a pôr em causa ou discutir os seus posts e comentários, e eu tenho a certeza k não é essa a sua intenção.

Tal cm não era minha intenção k o meu comentário fosse de alguma forma entendido cm um atak pessoal. Parece-me k a minha torpe forma de expressão assim o deu a entender, pelo k peço publica e humildemente desculpas pelo facto.

Anónimo disse...

Não posso agradecer-lhe pessoalmente dado que não se identifica.

Reconheço o seu gesto conducente à reposição da discussão crítica em moldes que sempre hão-de presidir a este espaço de comunicação e de discussão crítica.

Nunca discuti a pessoa ou o emissor da mensagem. Tomei a iniciativa de tornar pública a minha visão, a partir do post original.

Vamos lá solidificar um fórum que se pretende universitário e crítico, sem medo de represálias e sem complexos redutores de inferioridade.

Sem más interpretações, não vou escrever: cresça e apareça; vou antes incentivar à sua participação crítica e assine os posts... seja um Homem frontal de palavra e cabeça crítica.

Conflito não é sinónimo de frontalidade, mas sim de divergência de interesses.

O conflito pode existir na sua cabeça, mas não preenche de todo o meu coração, pois não necessito desse fuel para atear a chama que aquece o meu dia-a-dia.

Por tudo o escrito, agradeço que se volte à discussão crítica do teor original do post.

Anónimo disse...

Então e a incongruência k referi?

Anónimo disse...

Desculpe lá a insistência, mas eu não descortino qualquer tipo de incongruência. O prisma de análise é diferente.

Por este motivo, retomo o tópico ameno de discussão.

A interdição de publicidade pode provocar um aumento do consumo. Daí que a "mão visível" e reguladora do Estado deve sentir-se ao nível da informação paga, sob a forma de publicidade, que sirva, simultaneamente, de mecanismo de promoção e de divulgação dos malefícios provocados pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Além disso deve publicitar-se claramente a forma de repartição das receitas fiscais encaixadas a partir do aumento de impostos que todos os anos o Estado, de forma hipócrita, teima em repetir.

Tenho dito.

Anónimo disse...

Caro João Leitão

Então não temos uma incongruência mas sim um paradoxo.
Por um lado, fazer publicidade a bebidas alcoólicas aumenta o consumo das mesmas, segundo resultados do estudo mencionado no post, por outro lado, a proibição da publicidade parece também aumentar o consumo!
O k fazer neste caso?
Qual o menor dos males?
Agora, a proibição de publicidade aumenta o consumo ou pode aumentar o consumo? Pq pelos vistos, a publicidade aumenta de facto.

Anónimo disse...

Não é proibição total de que se trata mas sim de interdições de publicidade em determinados meios, recintos, competições ou até mesmo instituições.

As interdições podem de facto contribuir para o aumento da procura dirigida a este tipo de bens especiais, ou seja, uma procura especial que não apresenta qualquer tipo de sensibilidade relativamente às variações ocorridas ao nível do preço. Estas variações positivas podem ser originadas por via da aplicação de taxas agravadas de impostos que, de forma hipócrita, são aplicadas a bens cuja procura, normalmente, é rígida devido à forte dependência revelada pelos hábitos de consumo dos mais diversos extractos populacionais, independentemente dos diferentes preços de reserva que apresentem, aquando da segmentação do mercado.

Quanto mais transparente for a publicitação da aplicação das verbas encaixadas, por via dos impostos, maior será o grau de combate face aos problemas de saúde e de educação pública associados à procura por bebidas alcoólicas, tabaco e drogas leves ou pesadas.

Por mim a segmentação da discussão crítica pode prosseguir!

Anónimo disse...

Se bem percebi esta discussão xegou a um marasmo.O que é pena pois estava ser muito interessante. Como sabem, Mkt e alcool(ainda mais cerveja)são questões de relevância existêncial para muitos dos frequentadores do blog :)

Gostava de propor ao sr estimado administrador que puxe o post para cima e que o aqueça novamente como só ele sabe. Pois muito há para dizer.

Lanço mais um desafio ao participantes do debate nas já referidas cretivas aulas de Pub e RP. Pois foi um debate em que ambas as facções estavam munidas de informação, seria mt útil pr esta amena troca de idéias, partilharem e podem aproveitar e expor os vossos argumentos.Claro que não vou citar nomes pois ñ kero pressionar ninguém a participar,estejam descansados Vidigueira, Tininha,Leonor e Flávio :)

Anónimo disse...

Se bem entendi até agora, podemos concluir k quem luta contra o consumo de bebidas alcoolicas tem pela frente um duro trabalho.

Pois como está apresentado no estudo do post, a publicidade aumenta o consumo, mas as interdições surtem o mesmo efeito.

O Professor João Leitão aponta uma solução, que quanto a mim não é executável pois parte de uma premissa que penso ser ainda menos vista k os pilhões, a boa fé dos governos e vontade de reduzir o consumo real de "drogas", pondo em causa receitas. Quiçá quem poderá desempenhar esse papel pelo menos de inicio poderão ser alguma ONG ou os cidadãos anónimos na sua vida anónima.

Nesta discussão talvez seja importante não apenas identificar qual dos males o menor, como já foi sugerido pelo Aristocles mas compreender e discutir possibilidades de como se pode diminuir a compra de bens de procura inelástica.

Acho importante realçar que apesar deste estudo, não devemos concluir que o investimento publicidade terá sempre como retorno lucro. Principamente se estamos a falar de "brand-building", mas não só.

Sugiro também que as vossas conclusões relativamente a este estudo, tenham em conta a data do estudo da recolha de dados 1999/2001. Todos vós certamente estão exautos de aprender que o mundo de negócio é cada vez mais imprevisível e turbulento,em que toneladas de informação são geradas a diário e a diário perdem a "utilidade", tanto que muitos métodos de gestão clássicos tem sido postos na prateleira, pois não são eficazes nos dias de hoje, porque foram criados para ambientes estáveis e também porque não estão centrados no cliente.

Um dos factores que penso s torna claro nos nossos dias é a falta de credibilidade da Publicidade, os canais estão encharcados e é necessário "gritar bem alto" para ser ouvido nesses meios. Por isso 5 anos depois será que a publicidade continua a ter esse mesmo efeito nos EUA? e no nosso cândido pais?

Claro que a realidade não pode ser estudada a diário, existem tendências como a que foi apontada dectada neste estudo, só penso que seria útil cruzar esta tendência com um outro estudo acerca da eficácia da pub, penso assim ser possível um melhor entendimento do post.

Anónimo disse...

Vou retomar o meu argumento baseado em "tristes" rankings e números.

O director do Instituto de Alcoologia, José Barrias, revelou no passado dia 30 de de Novembro de 2005 que Portugal ocupa, actualmente, o oitavo lugar no consumo mundial de álcool per capita, tendo descido dos lugares de topo da tabela.

A que se deve a descida?

A descida de Portugal do topo da tabela do consumo mundial de álcool deve-se a «uma maior consciencialização» sobre os perigos da ingestão excessiva e à passagem para o domínio da saúde pública do conjunto de problemas ligados ao álcool.

Contudo, segundo a mesma fonte, 70% dos portugueses consome álcool diariamente e cerca de um milhão ingere este produto em excesso, sendo que 500.000 podem ser considerados dependentes.

Nem quero apontar as situações de incumprimento do Código da Publicidade.

Só para relembrar:

Artigo 17.º

Bebidas alcoólicas

1- A publicidade a bebidas alcoólicas, independentemente do suporte utilizado para a sua difusão, só é consentida quando:

a) Não se dirija especificamente a menores e, em particular, não os apresente a consumir tais bebidas;

b) Não encoraje consumos excessivos;

c) Não menospreze os não consumidores;

d) Não sugira sucesso, êxito social ou especiais aptidões por efeito do consumo;

e) Não sugira a existência, nas bebidas alcoólicas, de propriedades terapêuticas ou de efeitos estimulantes ou sedativos;

f) Não associe o consumo dessas bebidas ao exercício físico ou à condução de veículos;

g) Não sublinhe o teor de álcool das bebidas como qualidade positiva.

2- É proibida a publicidade de bebidas alcoólicas, na televisão e na rádio, entre as 7 e as 21 horas e 30 minutos.

É necessária e urgente uma política global para o álcool, que concerte os interesses da oferta e da procura.

A indústria vai no sentido da oferta, ajuda a intensificar o consumo e os poderes públicos ainda não conseguiram ter um diálogo construtivo, no sentido de evitar políticas avulsas e subversivas. A reeducação necessita-se!

Anónimo disse...

Olá a todos!

Depois de ler atentamente o k já aqui se comentou chego a duas conclusões.
Subjectivando a questão, penso que, tratando-se de bens de procura inelástica ou pouco elástica, possivelmente a publicidade tem um efeito menos nefasto socialmente e remete-a para o seu lugar - o de trazer vantagem, vulgo lucro, para os seus promotores. Assim porque não pensar que esta apenas leva a um aumento do consumo das bebidas publicitadas diminuindo o consumo das bebidas genéricas. Por exemplo, ao invés de pedir uma cerveja, agora quase sempre peço uma Stout. No entanto não bebo uma quantidade maior de cerveja do que bebia antes de surgir a Stout.

A outra conclusão a que chego é a de que, a solução para este paradoxo da necessidade das empresas publicitarem para aumentar as suas vendas vs o aumento do consumo de bebidas alcoolicas e suas conhecidas consequências, é a criação de um mecanismo idêntico à sociedade ponto verde em que as marcas de bebidas que publicitam sejam obrigadas a dar uma percentagem dos gastos em publicidade que serão gastos por um organismo independente e identificado, na prestação de informação legítima e credível sobre os maleficios desta "droga social".
Bem, é aquilo que eu penso, obviamente que é discutível, mas parece-me uma solução exequível e que poderá ser eficaz.

Anónimo disse...

Chego à conclusão que apesar da discussão em torno deste tema, ninguém foi ainda tentar ler o artigo indicado, pois o full text não está disponível para download, ou então fui eu que não consegui descobrir como o copiar.

Anónimo disse...

Link alternativo:

http://www.iue.it/Personal/Motta/205-adban-abst.htm