sábado, 15 de maio de 2010

Patrocínios. Coração ou razão?

Saberão os leitores do BiMarketing que Portugal tem uma equipa a disputar o Campeonato Mundial de Supersport? Provavelmente não, até porque muitos nem sequer saberão qual o tipo de desporto em que consiste.

Pois bem, este campeonato tem por base o desporto motorizado em duas rodas. Acredito que quando se fala em desporto motorizado de motociclismo, todos pensem imediatamente na classe rainha desse desporto, que é o MotoGP e que tem como figura de destaque, o grande piloto Valentino Rossi e em que os modelos pilotados são protótipos das marcas em competição. Mas não, o Campeonato do Mundo de Supersport compreende o motociclismo em que as motos utilizadas são derivadas de modelos de produção com 600cc, que se podem encontrar em qualquer stand, mas com as devidas alterações de modo a serem mais competitivas.

É neste campeonato que se encontra a equipa portuguesa Parkalgar Honda e que conta com o piloto irlandês Eugene Laverty e o português Miguel Praia aos comandos das suas Honda CBR 600RR. No ano 2009, a equipa Lusa terminou o campeonato com o brilhante 2.º posto do piloto irlandês e a 15.ª posição do piloto português. Este ano e após 5 corridas disputadas, Laverty encontra-se na terceira posição com 3 vitórias, enquanto Miguel Praia ocupa o 13.º lugar na classificação geral.

Com estes resultados obtidos e estando a equipa portuguesa a dar nas vistas no mundial, é de esperar que haja patrocinadores a fazer fila para poder colocar a sua marca nas carenagens das motos desta equipa e é aqui que entra a patrocinadora de 2009, a Galp. Tudo faz sentido, é uma equipa portuguesa que disputa um desporto motorizado a ser patrocinada por uma empresa portuguesa, líder no mercado dos combustíveis em Portugal. Mais atrás, referi-me à Galp como a patrocinadora em 2009, porque em 2010, o patrocínio mudou para as mãos da gaulesa ELF e porquê? Porque a Galp achou por bem terminar o patrocínio a uma equipa que dá cartas no motociclismo internacional, substituindo-a pela Selecção Portuguesa de Futebol com as suas vuvuzelas que se começam a fazer ouvir.

Como motociclista e adepto do desporto motorizado em duas rodas, fiquei algo descontente com a decisão da Galp em deixar o patrocínio da “nossa” equipa nas mãos de uma sua concorrente. Mas na verdade, a Galp tem que ser vista como uma grande empresa e em que as suas decisões são formadas e tomadas tendo sempre em vista o melhor desempenho económico e a criação de valor. Qualquer empresa que se preze e que se queira manter competitiva, investe onde o retorno é garantido e foi o que aconteceu neste caso, pois o futebol dá retorno e o motociclismo nacional dá bem menos. Imaginando que com esta decisão os motociclistas portugueses decidissem boicotar a Galp, isso seria um problema, mas imaginem o contrário, sendo todos os adeptos de futebol português a tomar essa decisão, isso sim, seria uma catástrofe para a gasolineira portuguesa.

Por vezes, as decisões e estratégias adoptadas são tomadas com o coração, mas como nos demonstra este caso, será sempre a razão a indicar o melhor caminho!


Publicado por Luís Afonso, N.º 18090

2 comentários:

Paulo Duarte disse...

Muito Interessante. Obrigado Luís.

Luis Afonso disse...

Obrigado!!!