Como o tema da aula de hoje de Marketing das PME levantou algumas polémicas sobre a acção do marketing, nomeadamente no que diz respeito às acções dirigidas a crianças fica aqui alguma informação sobre a qual se deve pensar um pouco…
Antes de saberem ler, as crianças são capazes de reconhecer objectos, cores, texturas, assim como marcas e embalagens. Por este motivo, o marketing infantil que até então era limitado a estratégias de comunicação de brinquedos e conteúdos televisivos/cinematográficos tem vindo a assumir cada vez mais importância.
As crianças não podem ser tratadas como um consumidor adulto. Têm gostos, vivências e aspirações que mudam de ano para ano e se não gostam ou se sentem enganadas eliminam rapidamente as empresas da memória.
Actualmente elas dominam a Internet e as novas tecnologias. A massificação destes meios veio criar um consumidor muito mais participativo, interactivo e informado. Além disso são mais autónomas, aprendem a fazer escolhas mais cedo, têm um raciocínio mais rápido e possuem diversos interesses. Também não adoptam, regra geral, padrões de comportamento previsíveis, ao contrário das crianças das gerações anteriores.
No entanto, algumas coisas mantiveram-se: os medos, as expectativas, a necessidade de afecto. Continuam a precisar de heróis e a brincar ao faz de conta.
Apesar de quase sempre a criança depender dos pais para financiar as suas compras, ela pode assumir diferentes papéis de compra: compradora, influenciadora da compra e decisora.
A criança, para além de já deter algum dinheiro considerável, detém um forte poder de influência na decisão dos consumos familiares.
Os pais exercem forte influência sobre os filhos até os 4 anos de idade. A partir daí, até os 8 ou 9 anos, a influência de ambos equilibra-se. A partir dessa idade, a criança não gosta de ser chamada de criança e nega directamente a influência dos pais.
Começam o seu consumo muito cedo. Estima-se que as suas competências de consumidor se começam a desenvolver durante o primeiro ano de vida, primeiro lentamente, depois num processo mais rápido até atingirem a total funcionalidade entre os 8 e os 10 anos de idade.
Trabalhar para um sector do mercado tão amplamente diferente de todos os outros, obriga à definição de uma estratégia de abordagem especializada. Torna-se fundamental compreender os principais obstáculos com que se deparam neste negócio.
Ao apostar no mercado infantil está a apostar-se no consumidor de amanhã. Essa é a principal vantagem. Contudo, este mercado exige actualização permanente na forma de comunicar com ele, devido ao seu enorme dinamismo e à oferta crescente a ele destinada. Por outro lado há cada vez mais restrições legais para comunicar com as crianças
O consumismo na infância tem despertado preocupação por parte dos pais, educadores e profissionais ligados ao desenvolvimento infantil.
Os resultados destas investidas de marketing, obviamente, são bons para os investidores e accionistas.
Mas são bons para as crianças?
A obesidade infantil, a violência na juventude, a sexualidade precoce e irresponsável, o materialismo excessivo e o desgaste das relações familiares são alguns dos resultados apontados como consequência do grande investimento no mercado infantil.
A publicidade é criticada por visar, não o intelecto, mas as emoções. As crianças tendem a acreditar em tudo o que vêem e não sabem distinguir publicidade de programas.
O marketing não só está na TV como também na escola, no mercado, no cinema, etc.
Todos os aspectos da vida de uma criança (saúde física e mental, educação, criatividade e valores) são afectados profundamente pela pressão do mercado.
Mas é importante enfatizar que o problema não está na ferramenta de marketing, e sim nas pessoas que a operam.
Ana
Desculpem.. estendi-me um bocadinho :)
quinta-feira, 13 de março de 2008
Marketing Infantil
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5 comentários:
Só para tornar este assunto ainda mais polémico deixo a questão:
Quem é que se deixa influenciar mais pela publicidade: as crianças, que fazem as birras para conseguirem os produtos, e a sua lista de presentes principalmente no Natal, ou os pais, que os compram?
ass:Lúcia
Participei no debate e mantenho a minha posição, isto é, a culpa não dos miúdos que vem as publicidades e que se sentem atraído por spots que apelam a ficção. Arrisco-me a dizer que estes são os que menos tem culpa.
A culpa, se é que se pode chamar assim, é dos seus progenitores, educadores e todos aqueles que participam na sua educação e transmissão dos seus valores.
Muito se falou que a educação de hoje não era feita nos moldes do antigamente. Os estilos de vida mudaram, as exigências da sociedade também, etc...
Deixem me questionar-vos: Todas as mudanças que foram operadas são prejudiciais para a educação das crianças? Tais mudanças não proporcionam portanto vantagens que devem ser aproveitadas na construção de um ser "melhor"? O metodo recompensa, ou prenda pela ausencia como pais é o mais adequado? Facilitar ou educar?
Todos um dia iremos desempenhar um dos papeis que referi durante o texto e por isso temos uma palavra a dizer no mundo do amanhã.
Finalmente, queria dizer que concordo com a Lúcia.
G.Santos
Ainda que não possa falar por experiência própria,concordo com as posições dos comentários anteriores.Eu nunca tive grande oportunidade de fazer birras porque no momento em que o meu pai me "abria os olhos" eu sabia que nem valia a pena tentar.
Compreendo também que as crianças de hoje são diferentes do que eu era e que os pais também são diferentes.É importante referir que o meu pai passava pouco tempo comigo devido à situação profissional(a minha mãe sim).Mas também temos de pensar noutro tipo de famílias e crianças.Famílias de apenas um só progenitor ou até crianças em instituições.Essas crianças muitas vezes não têm quem as supervisione e as eduque no sentido de serem críticas ao que vêm na televisão.
Em suma,é complicado.
Gostaria apenas de chamar a atenção para um aspecto particular: Marketing não é só publicidade.
O que nestes casos se critica é a promoção publicitária de produtos mas denominando-a de marketing.
Será isto correcto?
Serão só as crianças?
Vejam:
"Cidade de Boston proíbe gordura “má” em restaurantes, escolas, lojas e hospitais"
em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1322587
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