Sumo de cereja, cocktail de cereja, licor, tartelete de cereja, bombons,
cerejas frescas - o Hotel Borges, no Chiado, em Lisboa, transformou-se
na sexta-feira numa montra de tudo o que pode ser feito com cerejas. Mas
a estrela desta acção organizada pela Câmara Municipal do Fundão e pelo
Jornal do Fundão – e que terminou com a distribuição de milhares de cerejas pelas ruas do Chiado – foi o pastel de nata de cereja.
Foi
precisamente com o pastel que terminou o almoço, preparado pela Escola
de Hotelaria de Turismo do Fundão, todo em torno do fruto mais famoso da
região: Gaspacho de cereja com pudim frio de requeijão, citrino e
manjericão, cabrito recheado com maranhos das Terras do Xisto, cerejas
salteadas e primores da estação em tira de fumeiro.
Com esta
acção, o Fundão tem vários objectivos, explicou ao PÚBLICO o presidente
da Câmara, Paulo Fernandes. Pretende, por um lado, promover vários
produtos associados à cereja, e por outro fazer contactos que lhe
permitam aumentar a exportação.
"A cereja vale vinte milhões de
euros anuais para o Fundão, tem um grande peso na economia local",
explica Paulo Fernandes. "Temos cerca de 300 produtores e produzimos
sete mil toneladas por ano [embora este ano se preveja apenas quatro
mil], o que representa 50 por cento da produção nacional".
Dez
por cento é para exportação, sobretudo para Inglaterra e países
nórdicos. "Mas temos aí um potencial de crescimento muito grande", diz o
presidente da Câmara. "A nossa cereja tem polpas mais duras, o que é
uma característica boa para exportação." E, apesar de conseguirem
colocar no mercado interno toda a cereja que produzem, sentem o impacto
daquilo a que Paulo Fernandes chama "a ditadura da distribuição", que
"continua a esmagar alguns preços à produção".
Isto leva à
necessidade de encontrar novos mercados. "Há uma economia rural do
Fundão que vale cerca de 100 milhões de euros por ano. Temos de
encontrar outros mercados que valorizem os nossos produtos, porque no
mercado nacional há riscos e ameaças". Garante que estão a trabalhar
também para "organizar melhor a produção".
Quanto ao pastel de
nata de cereja, diz que já foram contactados por empresas portuguesas
que se mostraram interessadas em comercializá-lo. Mas, por enquanto,
quem o quiser experimentar terá de ir ao Fundão.
João Paulo
Carvalho, chef de cozinha da Escola de Hotelaria que criou o pastel (e o
resto do almoço) conta que a ideia surgiu há já dois anos, mas foi
preciso algum trabalho para chegar à textura certa. "Basicamente é um
pastel de nata, com polpa e pedacinhos de cereja fresca, o que torna o
sabor completamente diferente do do pastel de nata tradicional. Este
sabe a fruta, e por isso não faz sentido haver uma comparação entre os
dois".
Fonte: Publico.pt
Ricardo Gugel
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