A crise é “o grande fantasma” dos jovens portugueses. Foi esta uma das conclusões do estudo “Crise, Valores e Marcas nos jovens”, desenvolvido pela Bottom Line, agência de publicidade do Sistema Ativism. Para a investigação foram reunidos, entre os meses de Setembro e Outubro, 830 jovens portugueses, com idades compreendidas entre os 15 e os 23 anos, com o objectivo de descobrir e estudar os seus comportamentos e pensamentos em relação às marcas e à actual crise, com vista à construção de uma visão mais profunda sobre a sua posição no actual contexto que o País atravessa.
No que toca às marcas, segundo o estudo, o que interessa à geração em análise é “o que eu gosto”, o preço, a qualidade e a funcionalidade. À qualidade coube 4,7% da concordância dos inquiridos, sendo ainda o atributo que colheu mais referências: 17%. A durabilidade, o conforto e a segurança foram as características ligadas ao papel tradicional das marcas, num reflexo de que, em períodos menos positivos, existe uma menor abstração e maior procura pela funcionalidade.
“Acabou o tempo das vacas gordas” e “é preciso deixar de viver à grande e à francesa” foram algumas das respostas recorrentes no estudo. À data de realização dos inquéritos, no final de Outubro, os jovens admitiram estar a poupar no entretenimento (cultura e cinema), nas saídas nocturnas - que diminuem para metade - e nas refeições fora de casa.
O estudo permitiu detectar a existência de quatro grupos distintos, com formas de estar na vida também elas distintas. A representar 14% da amostra estão os “Ambiciosos pragmáticos”, que dão importância à publicidade e consideram que as marcas devem mostrar aos outros aquilo que são. De uma forma geral, são pessoas práticas e realistas. Os “Políticos”, que representam 20% da amostra, revelaram-se mais tradicionais e conservadores, sendo também os que mais acreditam na vida política. À semelhança dos “Ambiciosos pragmáticos” gostam que as marcas que utilizam sejam valorizadas pelo seu grupo de amigos. Este grupo é composto por 72% de rapazes. Já os “Não materialistas” (24% da amostra) dão privilégio à qualidade e ao preço das marcas que escolhem. No geral, são pessoas reivindicativas e participativas na vida política. Este grupo é composto, na sua maioria, por raparigas (67%). Existem ainda os “Minimalistas” (19%), que olham, acima de tudo, para o preço das marcas antes de as comprar e são anti-política. São mais espirituais, pelo que a sua noção de felicidade passa por estarem bem consigo próprios.
No conjunto, 80% dos inquiridos estuda. A mesma percentagem vive em casa dos pais e 82% é financeiramente dependente destes, ainda que ambicionem ter casa própria (70%). 21% dos jovens indicou que ainda não são directamente impactados pela crse, contra os 35% que identificam um impacto indirecto. Apesar das relações sociais, em que os amigos se assumem como elemento fundamental, os objectivos são cada vez mais individuais e menos colectivos. É, aliás, o individualismo que ressaltou do estudo como estratégia de sobrevivência da actual geração, quer pelas suas preocupações e atitudes, quer pelos valores que identificam, pelos objectivos que escolhem e pela forma como ocupam os tempos livres.
Acima de tudo, a geração inquirida quer estar bem consigo própria, ter tempo para fazer o que quer e realizar-se profissionalmente.
Fonte: Marketeer
MIcaela Salgueiro Nº25032
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