segunda-feira, 14 de novembro de 2005

A fuga para a frente...

Meus caros BIM

Passo a transcrever uma notícia do Portugal Diário (PD) que me fez reflectir sobre "o actual estado de cousas", em matéria de acesso ao ensino superior público.

Desculpem lá o meu desabafo, mas sem politiquices, é caso para dizer:
MINHA GENTE, VAMOS PARA A FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE!!!

Aguardo o vosso feedback.

Saudações académicas

João Leitão
jleitao@ubi.pt


NOTÍCIA DO PD:

Entrar num curso superior mais tarde e mesmo sem ter terminado o Ensino Secundário, vai ser mais fácil. Na Lei de Bases do Ensino Superior, aprovada em Agosto deste ano, está prevista a «modificação das condições de acesso ao ensino superior para os que nele não ingressaram na idade de referência».
Até agora, quem quisesse ingressar numa Universidade ou Politécnico necessitava de ter concluído o ensino secundário ou, tendo mais de 25 anos, realizar o exame ad hoc para certificar «fazer prova de capacidade para a frequência» de um curso superior. Com a nova legislação, os candidatos já não precisam de esperar. Com 23 anos já será possível realizar os exames.
Mas a prova também será diferente. O exame ad hoc que se realizava até agora é um teste nacional, igual para todos os candidatos, independentemente da área a que pretendiam ingressar. Quando entrar em vigor esta lei de bases, serão os estabelecimentos de ensino os responsáveis por conceber a prova, que será adaptada à área curricular do curso que o candidato pretende.
Além disso, as Universidades e Politécnicos irão também «reconhecer, através da atribuição de créditos, a experiência profissional e a formação pós-secundária dos que nele sejam admitidos».
Segundo o ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o objectivo é «a abertura no acesso ao ensino superior e a criação de condições para que todos os cidadãos possam ter acesso à aprendizagem ao longo da vida e [...] o reconhecimento da experiência profissional no acesso ao ensino superior».
Para Alberto Amaral, director do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior, «um sistema mais flexível só pode ser positivo», e o único defeito que se lhe pode apontar é mesmo o de a medida ser «tardia».
Para o professor, «o sistema anterior penalizava os alunos e afastava-os» do Ensino Superior, já que todos tinham que ser submetidos a uma «prova geral de português», independentemente da área a que concorriam.
Além disso, tem em conta as «competências adquiridas no mercado profissional», o que é muito importante «num país em que 80 por cento das pessoas têm escolaridade mínima», considera Alberto Amaral.
Esta medida também se revelará «muito útil» para os trabalhadores que queiram adquirir mais formação na sua área, numa altura em que o fantasma do desemprego assombra Portugal, e que cada vez mais, «é dada importância às habilitações académicas».
Questionado sobre se ao passar a selecção para os estabelecimentos de ensino, não haverá o risco de falta de critérios uniformes, o professor recorda que «é assim que se processa o acesso ao ensino superior na maioria dos países. Nós é que temos a mania de querer tudo centralizado». «As universidades vão tentar captar estes alunos», o que será «um incentivo à formação dos portugueses».
Mas o professor não exclui a responsabilidade do Governo nesta matéria. Primeiro é preciso alterar o sistema de financiamento do Ensino Superior, para que «as universidades não tentem captar alunos só para receberem mais dinheiro». E depois, é preciso um acompanhamento governamental para que a medida seja implementada de forma correcta.
Esta Lei de Bases já foi aprovada, e espera agora que o Governo proceda à regulamentação do calendário de aplicação e estabelecimento de um regime transitório.

7 comentários:

Anónimo disse...

Por acaso já tinha visto a noticia.
"MINHA GENTE, VAMOS PARA A FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE" :) ...assim, vem mesmo muita gente!?
Não acho que seja uma má medida, mas acho que deveria haver, além do exame ad hoc, deveria haver um teste para ver ser o aluno tem aptidão para o curso que quer tirar (falo mais em relação a médicina, pois médicos maus, sem serem "humanos" já portugal tem muitos) para termos bons profissionais em Portugal.
A minha duvida fica se será que todos os estabelecimentos de ensino estão prontos para esta "ideia" e como será que vai funcionar o processo de bolonha em relação a isto?
Este sistema já funciona em alguns paises...só vamos ver como funciona em Portugal! Só sei que um jovem que esteja a trabalhar, ganhe o ordanado minimo, seja idependente e agora que tenha a possibilidade de ir estudar, não sei se o faz...Por mais um pouco que o ordenado minimo vá aumentar e que o exame ad hoc corra bem... a porpina ainda é a maior barreira a ultrapassar.

:)

Anónimo disse...

A fuga para a frente não diz respeito aos alunos que possam vir a ingressar no ensino superior, mas sim às condições de preparação que os referidos alunos apresentem.

Não se trata de avaliar a validade e a oportunidade da medida, mas sim de discutir a operação estrutural e profunda que, a meu ver, deve ser operada ao nível do ensino primário, básico, secundário e mesmo universitário, no sentido de criar as condições ideais de ensino e aprendizagem.

Assim sendo, o redesenho da dimensão das turmas, a utilização intensiva de novas tecnologias e de laboratórios, a aprendizagem de diversas línguas estrangeiras e a criação de programas vocacionados para o ensino da matemática com aplicabilidade directa na área científica e vocacional que o aluno deve escolher e manter, preferencialmente, a partir do 9.º ano de escolaridade.

A detecção da vocação do aluno deve ser acompanhada, de modo permanente, no sentido de garantir o ingresso com sucesso num curso superior correspondente às expectativas vocacionais do principal agente do ensino: o aluno.

Assim teremos “escolas” preparadas para receber alunos vocacionados a integrar um plano de formação direccionado para o exercício da sua actividade profissional.

Finalmente, conheço bem as dificuldades inerentes ao exercício simultâneo de uma actividade profissional e de uma actividade plena de aprendizagem no ensino superior.

É de facto difícil, mas é sempre ultrapassável desde que se valorize a actividade de aprendizagem como uma auto-aposta tanto na progressão como ser humano, como profissional. Mas, sobretudo, do ser humano racional, crítico e preparado!

Obrigado pelo feedback

Outros virão…

Anónimo disse...

Desconhecia esta nova medida...

Enquanto futura licenciada acho péssimo!

A licenciatura ainda vai ser mais banalizada e as universidades e politécnicos vão mesmo optar por abrir portas a toda a gente. O critério será o de "ganha quem tiver mais alunos".

Daqui a 10 anos ter uma licenciatura vai ser o equivalente a ter o 9º ano.

Não sei se me apetece muito tornar-me num trabalhor estudante até à reforma se quero ter algum futuro profissional.

O nosso futuro vai passar por fazer colecção de cursos? Por mestrados, doutoramentos and so on? Ou vamo-nos limitar a ter a licenciatura "básica" (com uma conotação de quase escolaridade obrigatória)?

Com isto não quero dizer que não é bom aumentar o nível de ensino em Portugal. O mau é que os que "suaram" para tirar agora uma licenciatura vão ser igualados aos que preferiram ir ganhar dinheiro e agora têm oportunidade de tirar um curso "à pressão".

Dúvido que os politécnicos e as universidades percam esta oportunidade para encher as salas como antigamente :)

Acho que a UBI devia aproveitar a oportunidade para fazer leilões, rifas e sorteios de cursos. :)

Anónimo disse...

Penso k esta notícia é o constatar do óbvio, a falência do sistema de ensino tal como o conhecemos. Esta é uma das muitas reformas que têm de ser realizadas ao longo de todos os ciclos de ensino.

Ainda ontem foi referido pelo Presidente da Republica que em Portugal, há falta de licenciados, há falta de mão de obra qualificada. Ñ se esqueçam que cursos com menos de 10alunos estão na calha para fechar.

Realmente este país precisa de reforma séria nesta àrea feita por todos e para o bem de todos, mas não me parece que o nosso país esteja disposto a dar as mãos para o que quer que sja (excpetuando a selecção no mundial).

Reformas que vão surgir com esta medida, o reforço dos papéis dos professores, psicólogo, gestor de recursos humanos, explicador, ... Se calhar o ideal é mexer nas bases, mas o nosso secundário, não parece capaz de mudar pois temos a generalidade dos professores desmotivados, revoltados com a estratégia imposta pelo governo, por isso ou por lhes terem mexido nas regalias (essa é outra discussão).

Quanto ao acompanhamento sugerido como ideal pelo professor Leitão, é daquelas coisas que nunca saiu do papel. É triste mas a maioria dos alunos faz uma escolha tipo "tiro no escuro", ou então define a sua vocação pela negativa (tipo ñ vai para x porque tem matemática, nem pr y pk tem latim, então vão seguir W pk é o k sobra), ou por tradição familiar. O sistema não mima estes alunos, não os informa, não lhes dizem quais são realmente as tendências do mercado. Quando é que lhe alguém lhes diz que há cursos com 10alunos muito melhores do que alguns que têm 100.

A reforma que penso ser mais urgente é a separação de àguas entre politécnicoe universidades.Não que um seja melhor do que o outro, são diferentes e ambos necessários na sua diferença.

Esta noticia pode revelar uma oportunidade para a Unversidade, dar condições a trabalhadores estudantes, pois actualmente o sistema despreza os trabalhadores estudante.

Bem este é o meu feedbak e gostava de deixar uma nota à colega Duh, o saber não ocupa lugar e como ela espera ser um profissional capaz num mundo que está em constante mudança sem estudar continuadamente?

Anónimo disse...

Infelizmente, para a frente às vezes está Espanha e depois França e depois outro qualquer país.
Não é que a porta deva estar fechada, mas gostava sinceramente de ficar por cá, mas claro, sabendo se o meu filho devia frequentar o ensino até ao 12.º ano ou aproveitar os anos de juventude de forma completamente diferente, sabendo que aos 23 pode ingressar na Universidade (será que lhe podemos continuar a chamar assim), concluir o curso e estar à frente (acredito que muito à frante) dos outros, poque afinal ele ja esteve em contacto com o que hoje todos falam de: "mundo real". A pergunta que fica é: parte desse mundo real, não será também formado por pensamentos filosoficos, rectas e tangentes, romanos e descobrimentos, Os Maias ou heterónimos de Fernando Pessoa?

Anónimo disse...

A mudança é sempre dificil de implantar porque é desconhecida.

No meu caso, a longo prazo até poderia vir a concordar com esta medida, mas a verdade é que estamos a tapar o sol com a peneira. Não há licenciados em Portugal? Vamos abrir as portas das Universidades.

Em vez de, tal como o Prof. Leitão refere, acompanhar o aluno e fomentar as suas aptidões e capacidades para a formação mais adequada. No fundo estamos a dar ensino em massa e não ensino de qualidade.

Great Houdini, eu gosto muito de estudar, de trabalhar, de andar ocupada, mas não me vou tornar workaholic nem studaholic! O saber não ocupa lugar mas às vezes ocupa muito tempo :P

Sabias que a depressão é a epidemia do Sec. XXI?

Há mais vida para além do dever! :)

Anónimo disse...

Concordo com a colega Duh quando se refere a que é necessário um ensino de qualidade e não de quantidade.Espero é que o sistema de financiamento das universidades seja modificado para não termos uma caça ao homem. Essa lei devia era ser urgentemente mudada, pois é triste que as universidades para se manterem à tona, olhem em demasia para quem entra e ñ para quem sai.

Axo que esta lei tem um lado bastante positivo, alguém com 23 anos que já trabalhou já tem uma idéia mais concreta do que quer fazer, e certamente vai assimilar muito mais conhecimento.

Sr Romeu pergunto quantas pessoas acabam o secundário sem saber quais são os heterónimos de Fernando Pessoa, ou até quantos saberão o que é um heterónimos?Se ele entra aos 23 e fica mais a frente então qual é o problema?!

Colega Duh em relação quanto ao estudo devo-lhe dizer que corre por gosto não se cansa.É essa mentalidade que leva a que tenhamos pessoas em lugares de decisão que não saiba usar cpu's, ou a internet! O mundo pula gira e avança como uma bola colorida nas mãos de uma criança, e acompanha-lo implica trabalho claro que tudo tem limites, mas como diz uma grande amiga minha, o ser humano muitas vezes é livre para criar as suas próprias prisões. Colega não faças isso, não te limites e se não te pões a mexe´s, põem-te de lado que lá atrás vem gente...