terça-feira, 13 de dezembro de 2005

O papel das instituições de ensino superior na formação contínua de empresários, dirigentes e quadros superiores

DESTAQUE: "A oferta de programas de aprendizagem que antecipem as necessidades formativas, bem como, soluções de aprendizagem no local de trabalho, como por exemplo, o e-learning, serão fundamentais para colmatar a lacuna existente em termos de participação na aprendizagem ao longo da vida"


A capacidade das organizações para identificar as competências chave e encorajar o seu desenvolvimento entre os colaboradores, representa a base para as novas estratégias competitivas numa sociedade do conhecimento. Aos empregadores, bem como aos executivos e quadros das empresas, cabe o papel fundamental de desenvolver as competências da sua força de trabalho, através do incentivo à participação na aprendizagem ao longo da vida dentro das empresas que representam, assim como, da sua própria participação.

Segundo o relatório “Os objectivos futuros e concretos dos sistemas de educação e formação” (Conselho Europeu de 2001), a natureza do trabalho numa sociedade do conhecimento está a alterar-se. Aos gestores, executivos e quadros de empresas são agora exigidas novas qualificações, que obrigam a um aumento do factor conhecimento, quer nos produtos, quer nas novas formas de organização do trabalho, exigindo novas competências e novos conteúdos de formação.

Para tal, preconiza-se a estruturação de uma abordagem mais coerente à educação e à formação ao nível europeu no contexto da aprendizagem ao longo da vida. A referida estruturação envolve uma maior aproximação entre os produtores de saber e o mundo da aprendizagem.

Neste sentido, as Instituições de Ensino Superior (IES) têm aqui um papel fundamental como força principal para o desenvolvimento sustentável em sociedades baseadas no conhecimento intensivo. O debate, levado a cabo pela UNESCO, em 1998, na conferência mundial sobre educação superior, refere mesmo que, em economias orientadas pela ciência e tecnologia, é nas universidades que está a chave do poder para a economia do conhecimento. É nelas que se desenvolve o conhecimento resultante das investigações e é nelas que se desenvolvem novas tecnologias e soluções para a realidade empresarial.

O incentivo à aprendizagem contínua por parte de empresários, executivos e quadros de empresas, constitui um desafio para as IES. Estas deverão ser capazes de aproveitar o prestígio que detém na sociedade, melhorando a relevância e a qualidade dos seus programas e actividades globais. Muitos dos ajustamentos terão que passar pelas políticas de admissão e acesso, pela organização dos estudos, pelos conteúdos dos currículos, pelos meios de levar o ensino aos públicos alvo, pelos métodos e técnicas de ensino, pelas práticas e estratégias, entre outros.

Estas exigências, quando conjugadas com as exigências profissionais dos empresários, executivos e quadros de empresas, irão exigir às IES um ajustamento das suas ofertas de formação/actualização às necessidades deste grupo profissional. Para tal, é essencial o relacionamento entre os vários parceiros sociais, como forma de aproximação entre a realidade empresarial e o ensino /formação. Também a auscultação sistemática das necessidades sectoriais a nível nacional deverá ser implementada.

Do mesmo modo, a oferta de programas de aprendizagem que antecipem as necessidades formativas, bem como, soluções de aprendizagem no local de trabalho, como por exemplo, o e-learning, serão fundamentais para colmatar a lacuna existente em termos de participação na aprendizagem ao longo da vida.

Também a oferta de propostas de formação/ensino flexíveis e modulares, assume um papel relevante na sociedade do conhecimento para os empresários, executivos e quadros de empresas, pois muitas vezes, as exigências profissionais deste grupo profissional conduzem à interrupção da aprendizagem, tornando-se por vezes difícil o seu recomeço por questões formais inerentes às propostas de formação/actualização actuais.

Para este grupo profissional, será ainda fundamental a disseminação de informação, aconselhamento e personalização dos planos de estudos, quer em função das necessidades individuais, quer em função dos saberes e competências já possuídos.

Para além das áreas de formação/especialização, já actualmente oferecidas pelas IES, e que vão de encontro às necessidades deste grupo profissional, uma das áreas de formação necessariamente a desenvolver será o desenvolvimento de capacidades de diagnóstico relativamente a necessidades de formação dentro da própria empresa. Os empresários, executivos e quadros de empresas são os principais responsáveis pelas decisões de participação em acções de aprendizagem ao longo da vida junto dos restantes trabalhadores.

Helena Alves
DGE - UBI

Edição do Diário XXI de 13/12/05

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