sexta-feira, 3 de março de 2006

A importância do ''Made in Portugal''


A taxa de desemprego em Portugal subiu para oito por cento no último trimestre de 2005, atingindo o valor trimestral mais alto desde 1998. Num momento em que o desemprego em Portugal atinge níveis máximos, poucos são aqueles que directa ou indirectamente ainda não tiveram contacto com este triste fenómeno.

Regionalmente, o recente anúncio de encerramento da fábrica da Rohde, em Pinhel, veio adicionar mais umas centésimas ou milésimas ao indicador, mas que para a realidade das famílias afectadas representam um número bem mais expressivo em preocupações e problemas.

A explicação da administração da empresa é simples e até bem conhecida: não é possível concorrer com os preços dos países asiáticos. A questão que se coloca é saber como contrariar esta tendência. A aposta, a meu ver, passa sem dúvida pela adição de valor aos produtos de origem portuguesa. Valor este que passa obviamente pelo marketing e pelo reforço da imagem dos produtos de Portugal. Só que esta não é uma tarefa fácil.

Nos últimos anos temos assistido a várias campanhas com vista ao desenvolvimento da imagem internacional de Portugal, promovidas pelo ICEP. Destas, é exemplo o projecto que procura incentivar a preferência por marcas portuguesas. Mas até aqui, a meu ver, conseguimos dar um tiro no próprio pé, com a escolha do nome “Portugal Trade Brands”, materializado num sítio de Internet (www.portugaltradebrands.com). Não bastava o uso de termos ingleses, até no momento de registar o domínio a opção recaiu sobre um domínio norte-americano, opção no mínimo questionável.

Como podemos querer que os outros países desenvolvam uma boa imagem dos produtos portugueses, os prefiram e escolham, quando somos nós, portugueses, os primeiros a rejeitar aquilo que é nosso, nomeadamente, a nossa própria língua, pilar central a nossa herança cultural?

Recentemente temos assistido à tentativa de valorização do produto nacional por grupos privados nacionais. Mais uma vez são os grandes grupos do retalho que lideram o processo. Modelo/Continente, Intermarché e, mais recentemente, o Jumbo com a campanha 560, procuram incentivar os consumidores a, no momento de compra, procurarem produtos portugueses.

Um projecto interessante é o Movimento 560 (http://560.adamastor.org) da responsabilidade de uma equipa de estudantes portuguesas, o qual alerta para a importância de, na hora de escolher, preferir produtos portugueses. Como eles bem explicam, cada vez que compramos um produto estrangeiro em detrimento de um produto nacional, estamos a contribuir para a degradação da situação económica e social Portuguesa.

Mais do que questões de marketing internacional, de promoção da marca ou imagem dos produtos portugueses, a realidade é que, de cada vez que compramos um produto estrangeiro estamos directamente a contribuir para que o desemprego bata à porta de mais uma família portuguesa.

É urgente alterar esta situação, mudar crenças, atitudes e comportamentos, e incentivar os portugueses a procurarem e adquirirem produtos cujo código de barras comece por 560, pois de cada vez que o fizerem, estão a colocar pão numa mesa portuguesa, contribuindo directamente para a diminuição do desemprego, a sustentação do sistema de segurança social, o aumento das receitas fiscais, a atenuação do défice e o fortalecimento da economia, entre muitos outros efeitos.

Da próxima vez que for às compras, não se esqueça que para ajudar basta dar preferência aos produtos com a indicação “Fabricado em Portugal”.

E se todos fizermos o mesmo…

Artigo publicado no Diário XXI

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