terça-feira, 7 de março de 2006

Comércio Tradicional – Parar ou Inovar…

DESTAQUE: “Ao contrário do que seria aconselhável e desejável, o comércio tradicional continua, no entanto, preso aos antigos valores culturais e a uma gestão reactiva, apoiada em experiências pessoais”


Actualmente, o comércio constitui uma forte componente da economia mundial e nacional, sendo também um factor importante na organização das práticas sócio–culturais dos portugueses.Englobando-se neste âmbito, o Comércio Tradicional, que outrora teve um papel preponderante no desenvolvimento económico português, tem vindo a perder parte da sua importância sensivelmente desde a última década, quer pelo aparecimento de novas formas de distribuição assentes no livre serviço (hipermercados, lojas especializadas, lojas de desconto, centros comerciais e outlet stores), quer pela incapacidade de adaptação às novas exigências do mercado, quer ainda pelo seu baixo nível de integração tecnológica associado quase sempre a uma certa inércia. Com a entrada de operadores/investidores estrangeiros no mercado nacional, esta tendência tem vindo, contudo, a ser invertida pela partilha de novas metodologias e abordagens de gestão que encetam alguma dinâmica ao panorama do comércio em Portugal.Ao contrário do que seria aconselhável e desejável, o comércio tradicional continua, no entanto, preso aos antigos valores culturais e a uma gestão reactiva, apoiada em experiências pessoais. Urge assim uma mudança estratégica, onde a orientação para valores mais pró-activos de fomento à inovação, diversificação e diferenciação deva nortear as suas práticas. No nosso entender, a mudança de direcção estratégica, por parte do comércio tradicional, terá de passar necessariamente pela adopção de algumas medidas inovadoras de fomento ao co-relacionamento, como por exemplo:- criar um “sítio” na Internet, onde vários estabelecimentos em conjunto façam a divulgação dos seus produtos com a possibilidade de a entrega ser feita ao domicílio;- alargamento do horário de funcionamento para além das 19h00 durante a semana e abertura ao fim-de-semana.- criar condições de estacionamento em zonas circundantes, ou oferecer aos clientes tickets de desconto em lugares de estacionamento pagos;- promoção conjunta de actividades que dinamizem as zonas comerciais;E porque os consumidores são cada vez mais exigentes, é importante que esta forma de comércio apresente uma maior preocupação com o layout do ponto de venda. Que as montras sejam mais apelativas e transmitam sensações, que a disposição dos produtos no seu interior seja mais harmoniosa e atraente e que usem e abusem do merchandising. É nos pequenos grandes detalhes que está a diferença! Será que um ponto de venda mal iluminado, uma montra desajeitada e confusa, são convidativos a que um transeunte mude a direcção dos seus passos e entre no seu interior à procura de algo que muitas vezes nem ele próprio sabe bem o que é? Será que o comércio tradicional tem os dias contados? Acreditamos que não! Mas uma certeza temos: alguma coisa terá de ser feita para que isso não aconteça.

Cristina Manteigas, Diogo Caetano e Maria Leonor Figueiredo, finalistas do curso de Marketing da Universidade da Beira Interior.

Supervisão: Prof. Susana Garrido Azevedo

Artigo publicado no DiárioXXI
Terça-Feira, 07 de Março de 2006

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei do artigo e concordo com as sugestões apresentadas. Deixo aqui mais uma dica: O Comercio Tradicional tem que criar mais valor ao cliente do que a sua concorrência. Entendo que deverá haver um entendimento negocial entre os logistas do comércio tradicional, quer seja a nivel local ou nacional, no sentido de actuarem como um grupo e nao de uma forma isolada , visto que a obtenção de sinergia é crucial. Optarem pela diferenciação apostando na qualidade ( por exemplo com a criação de uma marca de qualidade associada ao comércio tradicional), ou o acesso fácil por parte do cliente parece-me uma estratégia favorável que poderá dar frutos. A ajuda e o apoio dos meios institucionais podem ser relevantes para o sucesso destas medidas.

Anónimo disse...

muito bem!