terça-feira, 29 de julho de 2008

...olhos maiores que a barriga.

Já lá vai o tempo em que a função da embalagem se limitava ao acondicionamento e transporte e protecção de produtos. A caixa que se impôs no quotidiano dos consumidores é actualmente um autêntico instrumento de marketing e publicidade ao serviço da indústria.

Estas embalagens permitem valorizar o “espaço para branding”, que permite a diferenciação nos lineares e passar mensagens ao consumidor, através do painel frontal. A embalagem de cartão asséptica (tecnologia que mantém intactas as propriedades naturais dos alimentos) constitui uma das maiores inovações da última década, já que dispensa refrigeração, facilitando a armazenagem e manuseamento dos produtos ao longo de toda a cadeia de valor. Além da economia de espaço, reduz as despesas com energia e veículos, uma vez que não necessita câmara de frio, e permite elevada eficiência nas linhas de enchimento.

Através de novos materiais, formatos e grafismos, as embalagens comunicam com o consumidor, apelam aos sentidos, saltam à vista nos lineares e convidam-se, por si só, a fazer companhia aos restantes produtos do carrinho de compras, mesmo o do consumidor mais desatento que circula nos corredores do supermercado.

Mas como no que diz respeito a gostos cada um tem o seu, as embalagens diferem consoante o público-alvo e fazem pompa em atribuir um status social ao consumidor.

Projectar a embalagem ideal para cada tipo de produto e consumidor exige, actualmente, levar a cabo uma parafernália de testes e estudos junto do consumidor, para aferir a disponibilidade e aderência do consumidor.

Quando surgiram, em 1908, as primeiras embalagens de cartão vieram tão somente substituir as garrafas de vidro utilizadas para distribuir leite. Apesar da inovação, os transeuntes das ruas de São Francisco e Los Angeles, nos EUA, não se entusiasmaram com a descoberta.

De tal forma que, apenas 21 anos depois, nasce, na Suécia, a primeira fábrica especializada em embalagem, pela mão de Ruben Rausing e Erik Akerlund, cujos apelidos formam o nome da empresa. As dificuldades de acondicionamento e transporte de alimentos, sobretudo leite, na Europa, entre a primeira e a segunda Guerra Mundial, conduziram à criação de uma embalagem de cartão não retornável, assente em técnicas completamente novas de revestimento de papel com plástico para alimentos líquidos.

A multinacional com grande peso no universo das embalagens de cartão conhece a luz do dia em 1951, mas só 13 anos mais tarde, instala a primeira máquina de enchimento Tetra Pak no País, na fábrica da UCAL.

Tecnologia asséptica
As embalagens de cartão apresentam numerosas vantagens, sobretudo para a indústria. A começar pelo custo da matéria-prima, já que sofre menos a influência das variações de preço do petróleo face a outras matérias-primas, como o plástico, por exemplo. Do ponto de vista ambiental, destaca-se o menor consumo de dióxido de carbono. “A utilização do papel enquanto matéria-prima reduz para cerca de um terço os níveis de CO2″.

Além disso, o cartão é 100% reciclável. As embalagens da Tetra Pak, por exemplo, são estruturadas por multi-camadas cuja composição resulta da junção de três materiais: cartão (cerca de 75%), plástico (20%) e alumínio (5%). “A embalagem pode ser reciclada de diversas formas, utilizando todos os componentes em conjunto ou valorizando-os separadamente”, descreve a responsável da marca. Além disso, “é a única embalagem de alimentos líquidos que utiliza 50% de um recurso natural renovável, a madeira”. O material reciclado dá origem a numerosos produtos, mas nunca é transformado novamente em embalagem.

E aos olhos do consumidor, em que consiste a embalagem exemplar?

  • Deve ser funcional,

  • prática,

  • resistente,

  • segura e

  • adequar o volume às ocasiões de consumo.

  • na sua produção, deve respeitar o meio ambiente e ser eficiente no consumo de recursos naturais e de energia.

  • sobretudo, ser constituída por materiais recicláveis.

A ajudar é necessário considerar que a utilização do metal na indústria alimentar não é consensual, mas todos reconhecem a sua resistência e capacidade para aumentar a vida útil dos alimentos.

O início da utilização do metal para embalagem e preservação de alimentos perde-se um pouco na história da conservação de produtos perecíveis. Sabe-se que a necessidade de conservação dos alimentos remonta ao período que se convencionou chamar de Civilização e que só no início do séc. XIX esta indústria atinge níveis de desenvolvimento até então nunca alcançados. Mas no que diz respeito ao embalamento de conservas em metal - actualmente uma prática corriqueira da indústria transformadora -, existem várias correntes de opinião.

Há quem atribua a Nicolas Appert, um francês que se dedicava à confeitaria e considerado o pai da industrialização das conservas, o início das latas que hoje conhecemos. Appert começou por utilizar garrafas de vidro para prolongar a vida e a qualidade dos alimentos e obteve grande sucesso sobretudo junto das tropas de Napoleão e da marinha mercante. No entanto, a Associação Internacional Nicolas Apper reconhece que o francês apenas começa a utilizar este método a partir de 1814, enquanto na Grã-Bretanha o metal já era matéria-prima para embalamento e conservação de alimentos.

Outra versão defende que em 1810 um indivíduo de nacionalidade inglesa ou francesa, de apelido Durand, era detentor de uma patente do Rei George III porque já utilizava “estanho ou outros materiais adequados” para o efeito.

Polémicas à parte sobre quem terá na realidade sido o percursor na aplicação deste tipo de material na indústria conserveira, o certo é que o papel do metal na história da conservação de alimentos ganhou uma dimensão tal que se arrasta até aos dias de hoje.

Descrever os alimentos que podem ser sujeitos às técnicas de embalamento em metal é uma tarefa quase impossível e desgastante. É certo que os mais conhecidos, entre nós, são o atum, a sardinha e as salsichas, nas suas múltiplas variantes que resultam da vontade do consumidor e da imposição da indústria, mas muitos outros, como frutas, legumes, carnes, chás, cafés e leites, ganham cada vez mais o papel de protagonistas nas prateleiras das grandes superfícies ou do comércio tradicional.

Além de aumentarem o tempo de venda do produto, as embalagens em metal são resistentes e, acima de tudo, recicláveis. Depois de utilizadas e colocadas nos locais próprios, estas embalagens são sujeitas a um processo de reaproveitamento para os mais diversos fins.

Utilizadas em sectores tão diferentes como o ramo automóvel ou o dos electrodomésticos, as latas que já contiveram sardinhas ou salsichas podem agora fazer parte das peças do nosso automóvel, do fogão, do esquentador, do micro-ondas ou de qualquer aparelho doméstico.

Notícia original Aqui

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